Chakanagem by Carl Chaka

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Eu sou como você, da espécie humana, sou capaz de errar. O erro não é falha de caráter e errar faz parte da natureza humana. I am like you, of the human species, I am capable to wander. The mistake is not defective of character and to wander is part of the human nature.

12 junho 2010

Gamação

Gamação

Eu quero ter
O seu amor pra sempre
Nem tente
Me abandonar.

Gamei sentir
O teu corpo quente
Você menina
Fez me apaixonar.

Teu olhar carinhoso
O teu cheiro, cheiroso
Me fez se entregar.

O seu beijo gostoso
Tuas curvas, teu corpo
Hum! Foi bom te amar...

Elcio Moraes

Ainda te amo

Ainda te amo

Espera.
Fala-me que me amas
Não escondas
Meus dias não são os mesmos sem ti

Acalma-te.
Não te deixes envenenar pelo instante
Vês que tens toda uma vida adiante

A vida segue seu curso lento
Ela não se apressa. Não se adianta
Apenas segue. Não se desencanta

Olha para mim.
Pelo menos uma vez, não dissimules
Não percas o restante das virtudes

Se o que sobrou de nós não vale a pena
Sepultemos de vez as desavenças
Mas não me vejas com mágoas
Ainda te amo.

Paulo Gondim

Sem você

Sem Você

Sem você as horas não passam
O dia não faz sentido, nada tem graça
nem se eu estivesse em um paraiso.

Sem você, o mundo para de girar
O dia se fecha, e tudo que é belo
se torna ridiculo

Sem você tudo que faço... Faço
por fazer, porque só junto de
você, para o dia voltar a ser lindo.

Poema as Bruxas

Simplesmente...

Simplesmente...

Corpos se entrelaçam, emaranhados entre os lençóis.
Beijos intensos, sedentos pela saudade e pelos desejos.
Corpos que se revelam, completamente envolvidos.
Quentes... Carentes... Instigantes!
Ouvem-se sussurros, doces suspiros, gemidos ardentes.
O inevitável e o desejado... O íntimo prazer!
As carícias, o êxtase do instante... Uma delícia!
O deleite do momento... Simplesmente.

Escrito por Graciele Gessner.

15 novembro 2007

[Poema] ' Subúrbios '

' Subúrbios '
(Celso Brito)

trago-me preso a um desejo
de me unir ao vento
arrastar as ondas
e atirá-las nas pedras

traço-me em planos
tortos, obtusos, interrogativos
arrisco-me em pequenos versos
em espaços ínfimos

ergo-me simétrico
lanço-me em linha reta
só o tempo curva em mim

há um dor que me atravessa
que risca minha poesia
afogada em tantas indagações

[Poema] ' Encontro '

' Encontro '
(Celso Brito)


Procuro os que sabem de mim.
Os que disseram ter me ouvido falar.
Os que me encontram, quando me perco.

Em quantos poemas estou presente?
Em qual deles era verdade?

Perco-me um pouco todo dia,
para me encontrar em tantos outros.
Não revelo, nem disfarço.
Apenas passo.
Mas há momentos em que me demoro.

12 agosto 2007



Pai...
Hoje senti uma falta de você...
Do seu jeito de ser
Do seu modo de se preocupar
Dos seus telefonemas
Do seu sorriso
Do seu olhar
Do seu silêncio
Do seu movimento
Da maneira como gesticulava
E se empolgava quando algo contava

Pai...
Me perdoa pela saudade imensa
Pela falta que você me faz
Mesmo sem falar nada
Eu entendia o que queria
O que pensava, o que emitia
E seguia, como se nada o preocupasse

Pai...
Muitas saudades sinto de você
Mas não posso reclamar
Tenho que me conter
Foram só momentos de lembrança
Que hoje eu tive de você
Talvez por me sentir mais criança
Por querer me apoiar em uma esperança
Ouvir palavras que só você sabia me dizer

Pai...
Sei que continua ao meu lado
Só não posso olhar o seu rosto
Mas vejo no seu retrato
Uma luz forte, iluminando o meu quarto
E sorrio de novo, quando olho para o seu rosto
Porque escuto você me dizendo
Que enquanto aqui, estou sofrendo
Pela sua ausência e seu carinho
Você constrói nosso novo cantinho
Para de novo, um dia...
Estar juntinho de novo, com você

======================

Pode ser novo, pode ser velho;
Pode ser branco, negro ou amarelo;
Pode ser rico ou pobre;
Pode ser solteiro, casado, viúvo ou divorciado;
Pode ser feliz ou infeliz;
Pode estar aqui ou já ter ido embora;
Pode ter tido filhos ou adotado-os;
Pode ter casa ou morar na rua;
Pode usar terno ou tanga;
Pode ser Deus ou humano;
Pode estar trabalhando ou desempregado;
Pode ser tanta coisa ou simplesmente PAI.


Mas todos, sem faltar um
sequer fazem parte da Criação.
Que não só hoje,
mas em todos os dias desta vida
possas ser lembrado como aquele que:
muitas vezes não dormiu,
muitas vezes ficou pensando
na comida para levar para casa,
muitas vezes engoliu sapos,
muitas vezes chorou escondido,
muitas vezes gargalhou,
muitas vezes perdeu a hora,
mas nunca deixou de pensar
na coisa mais importante da sua vida:
NÓS!!!!


=======================

Quando um homem percebe que seu pai tinha razão...
...ele já tem um filho que acha que ele está errado.

Não há ninguém no mundo
igual a você...

Em todos os dias do ano,
não há nenhum outro dia
como hoje

quando o amor que sentimos por você
é honrado de um modo especial...

Hoje homenageamos você
com alegria extra e gratidão
por toda a felicidade que
você dá a nossas vidas.

Não há ninguém como você...
E ninguém ama você
mais do que nós amamos...

Feliz Dia do Papai!

==========================

Te vi estranho
quando tentavas inventar
um idioma para comigo falar.

Te vi criança,
quando fostes meu companheiro
nas brincadeiras da infância.

Te vi orgulhoso,
quando dizias que eu era
a tua semelhança.

Te vi amigo,
nas horas que encontrava
tuas mãos a me amparar.

Te vi adversário,
quando teus cuidados
fizeram algo me negar.


Te vi alegre,
quando compartilhamos
vitórias e emoções.

Te vi forte,
para me incentivar
quando tua vontade era chorar

Te vi fraco,
para me mostrar,
que as vezes caímos,
mas o importante é
ter forças para levantar.

Te vi apreensivo,
quando comecei a criar asas
para vôos independentes alçar...


E por tudo que eu vi
Hoje eu posso afirmar
que és muito mais que um Pai...

Um Ser Humano
sempre tentando acertar...

Um grande e eterno amigo!
O amigo que se quer ter,
e em ti pude encontrar.

E assim sempre será,
Pai, irmão, amigo onde quer que tu estejas,
eternamente serás...

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- Carta de um Filho -

Pai, eu sei que você gostaria que houvesse um jeito de fazer-me enxergar a vida através dos seus olhos bem mais experientes, poupando-me de tropeçar pelo caminho.
Eu sei que você gostaria de ter as costas mais largas para carregar também os meus fardos, para aliviar-me de pesos.

Pai, eu sei que às vezes o mundo é cruel e que viver nele pode ser uma árdua tarefa, mas sei também que você gostaria de construir um mundo onde só houvesse o melhor para mim e onde o tempo não fosse tão curto para aprendermos a Vida,
onde não houvesse pessoas capazes de ferir-me,
onde eu pudesse apenas brincar de viver.
Eu sei que você gostaria de dar-me esse presente.

Pai, eu sei da tristeza que você sente por não poder impedir que eu sofra, que eu fique doente, que abusem de mim, que os perigos me rondem e que a fé se desfaça em meu coração.

Sei das cicatrizes que você carrega, provocadas por ferimentos
que já me atingiram no passado.
Sei das suas angústias e sobressaltos quando algo ameaça o meu tempo presente.
Sei das suas vontades e ansiedades voltadas para o meu futuro.

Ah, Pai, que maravilhoso futuro você gostaria que eu vivesse!
Eu sei disso, Pai.

E por saber tanto, eu lhe peço, ouça-me:
Se dores eu sofri, maiores elas teriam sido sem a sua presença.
Se em pedras muitas vezes eu tropeço e caio, lembro-me que
foi você quem ensinou-me a levantar.
Se olho para o futuro e sinto medo, ele se vai assim que eu recorro à fé que você plantou em mim.

Agradeço a Deus por ter escolhido você para orientar os meus passos.

Foi com você que aprendi que quando a jornada torna-se difícil
Ele nos toma nos braços.
Obrigado, Pai!

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...nunca tivemos tempo de nos olhar e dizer um ao outro:
Eu te amo !!!
Nossas gerações não se compreendiam...
Fui rebelde! e você Casmurro...
Eu não entendia sua forma de amar...
E somente acordei depois que você partiu...
Hoje, a saudade traz lembranças e a certeza que está bem,
de que cumpriu sua missão.
Agradeço a Deus por ter nascido de pais maravilhosos
como você e minha mãe.
Agradeço a você meu pai pela jornada difícil que empenhou
na educação de seus filhos.
Um beijo...
Onde estiver...

Seu(a) Filho(a)

Você é o meu maior amigo
Tudo que eu sou devo a você
Onde eu for você está comigo
Sua mão sempre a me proteger
Trago no meu canto uma verdade
Que eu guardo no meu coração
É possível ter até saudade
De quem vive na imaginação

Você meu pai, que me ensinou
Que na tristeza sempre resta uma esperança
Você meu pai, que me mostrou
Que todo homem guarda um sonho de criança
Você falou e acreditou
Que a fé remove qualquer pedra do caminho
Você viveu com muito amor
Me ensinando que ninguém está sozinho
Eu aprendi e sei que nada
É mais bonito que um sorriso de criança
Saber amar e perdoar
São coisas simples que eu trago na lembrança
Eu quero ver o sol nascer
E os passarinhos livres despertando as flores
Eu quero crer e quero ter
Um arco-íris sobre a terra toda em cores
Quero sentir que o coração
Ainda guarda um lugar pros sentimentos
Eu vou gritar pro mundo ouvir:
"O amor está presente em todos os momentos"!

Você meu pai, meu grande amigo
Que me ensinou a perdoar meus inimigos
Eu vim dizer e agradecer
Pois não seria o que sou sem ter você.



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Homenagem ao Pai



Pai, você é a razão de minha vida.
Deus é realmente maravilhoso,
ele criou o mar para encantar o universo
com o mistério de suas águas.
Ele criou a natureza, para brilhar no nosso amanhecer,
com o frescor da sua beleza, ele colocou estrelas no céu,
para que iluminasse os nossos caminhos.

E ele, na obra máxima de sua criação, me deu você!
Pai querido que enfeita o meu caminho e alegra
os meus dias com o sorriso e sua força.

Sem você Pai, o que eu poderia encontrar...
caminharia pelo mundo sem ter os braços abertos,
mas sim; de punhos fechado, de olhos cerrados,
e coração solitário.

Você representa todos os meus sonhos,
é por você que construo castelos,
é para você que escrevo histórias nas páginas
da minha história, da nossa história, do nosso cotidiano.

Pra mim, basta apenas Pai, que caminhe comigo
Ajudando a contar as estrelas do céu,
Ensinando-me a traçar novos rumos,
ensinando-me novamente ser aprendiz,
porque você tem o poder de trazer ao meu mundo
o brilho da lua, a magia da noite, a suavidade da brisa,
o calor do sol.

Você foi o mais maravilhoso presente de Deus,
sem você não haveria motivo para eu existir...

Obrigado, te amo muito.

12 maio 2007



...nunca deixará de me amar


Stanley D. Moulson

Eu cresci em uma família muito normal com dois irmãos e duas irmãs. Embora naqueles tempos não tivéssemos muito dinheiro, sempre me lembro dos meus pais levando-nos para fazer piqueniques ou para ir ao zoológico nos fins de semana.

Minha mãe era uma pessoa muito afetuosa e dedicada. Estava sempre pronta para ajudar alguém e freqüentemente trazia para casa animais perdidos ou machucados. Embora tivesse cinco filhos para criar, sempre encontrava tempo para ajudar ao próximo.

Eu penso na minha infância e vejo os meus pais não como marido e mulher com cinco filhos, mas como duas pessoas recém-casadas muito apaixonadas. O dia era para ser passado conosco, as crianças, mas a noite era a sua hora de estar um com o outro.

Lembro-me de que numa noite estava deitado na cama. Era domingo, 27 de maio de 1973. Eu acordei com o som dos meus pais voltando para casa depois de uma noite fora com alguns amigos. Eles estavam rindo e, quando os ouvi indo para a cama, virei de lado e voltei a dormir, mas nesta noite todo o meu sono foi agitado por pesadelos.

Na manhã de segunda-feira, 28 de maio de 1973, acordei. O dia estava nublado. Minha mãe ainda não havia acordado, por isso todos nós nos arrumamos e fomos para a escola. Durante todo aquele dia, tive uma sensação de um vazio interior. Depois da escola, voltei para casa.

- Oi, mãe, estou em casa. - Não houver resposta. A casa parecia gelada e vazia. Senti medo. Tremendo, subi as escadas e fui para o quarto dos meus pais. A porta estava apenas entreaberta e eu não pude ver tudo lá dentro. - Mãe? - Eu a abri totalmente para poder ver todo o quarto, e lá estava a minha mãe deitada no chão ao lado da cama. Tentei acordá-la, mas não consegui. Então soube que estava morta. Eu dei meia-volta, saí do quarto e fui para o andar de baixo. Sentei-me no sofá em silêncio durante muito tempo, até a minha irmã mais velha voltar para casa. Ela viu-me sentado ali e imediatamente subiu correndo as escadas.

Eu fiquei sentado na sala de estar e observei enquanto o meu pai falava com o policial. Vi a minha mãe ser carregada em uma maca para a ambulância. Tudo que pude fazer foi sentar e olhar, nem mesmo pude chorar. Nunca havia pensado em meu pai como um homem idoso, mas naquele dia, quando o vi, ele nunca pareceu tão velho.

Terça-feira, 29 de maio de 1973. Meu 11º aniversário. Não houve música, festa ou bolo, apenas silêncio enquanto nos sentávamos ao redor da mesa de jantar olhando para a nossa comida. Era minha culpa. Se eu tivesse voltado para casa mais cedo ela ainda estaria viva. Se eu fosse mais velho ela ainda estaria viva. Se...

Durante muitos anos, tive o sentimento de culpa pela morte da minha mãe. Pensei em tudo que poderia ter feito. Todas as coisas desagradáveis que dissera para ela. Realmente acreditava que porque eu era criança-problema, Deus estava punindo-me, levando-a. O que mais me perturbava era o fato de não ter tido a chance de dizer adeus. Nunca mais sentiria o seu abraço carinhoso, o cheiro adocicado do seu perfume ou os seus beijos suaves quando ela colocava-me na cama, à noite. Para a minha punição, tudo isso foi tirado de mim.

No dia 29 de maio de 1989, meu aniversário, eu estava sentido-me muito solitário e vazio. Não me havia recuperado dos efeitos da morte da minha mãe. Estava muito perturbado emocionalmente. Minha raiva de Deus atingira o seu auge. Eu chorei e gritei para Ele:

- Por que levou minha mãe? Nem mesmo me deu a chance de dizer adeus. Eu a adorava e o Senhor a tirou de mim. Eu só queria abraçá-la mais uma vez. Eu o odeio! - Eu sentei-me na sala de estar, soluçado. Senti-me esgotado. Subitamente, fui tomado por uma sensação de calor. Pude sentir fisicamente dois braços abraçando-me, um aroma familiar mas há muito esquecido. Era ela. Senti sua presença, o seu toque e o seu perfume. O Deus que eu odiara atendera ao meu desejo. Minha mãe estava vindo para mim quando eu precisava dela.

Hoje sei que minha mãe está sempre comigo. Ainda a amo de todo o coração, e sei que sempre estará ao meu lado. Justamente quando eu havia desistido e resignado-me com o fato de que se fora para sempre, ele fez-me saber que nunca deixaria de me amar.








EU QUERIA, UM DIA, DAR A LUZ A UM POEMA.
POEMA QUE LEMBRASSE TODA TERNURA E DOÇURA
DO SEU COLO ACONCHEGANTE,
DAS SUAVES CANTIGAS ANTIGAS DE NINAR,
DO VAI E VEM DA REDE NO CANTO DA SALA.

UM POEMA QUE LEMBRASSE O CANTO DOS PÁSSAROS EM REVOADAS,
O SOL SE PONDO E AS NOITES ENLUARADAS.
UM POEMA QUE LEMBRASSE A ROSEIRA COR DE ROSA
APINHADINHA DE FLOR, E O MANACÁ
MULTICOLORIDO EXALANDO O SEU ODOR.

UM POEMA QUE RETRATASSE AQUELA BRINCADEIRA DO DEDINHO
"MINDINHO, SEU VIZINHO, PAI DE TODOS, FURA-BOLO,MATA-PIOLHO ".
UM POEMA QUE DESPERTASSE EM CADA CANTO
A INSPIRAÇÃO DAS MUSAS ! QUE FALASSE EM VOZ PROFUSA DESSE SENTIR
TÃO PROFUNDO, BEM MAIOR QUE O MUNDO... O MEU AMOR POR VOCÊ !

POEMA QUE LEMBRASSE A ALEGRIA DO AMANHECER
E OS VERSOS BATESSEM NA ALMA, COMO
O FRESCOR DA GOTA DE ORVALHO SOBRE A RELVA
E O CHEIRO DA TERRA QUANDO A CHUVA CAI.

UM POEMA QUE RASGASSE AS FRONTEIRAS CORRENDO
VELOZ, COMO UMA LENDA, DOMINASSE O UNIVERSO,
PRA CONTAR À TERRA INTEIRA, A GRANDE MÃE QUE VOCÊ FOI !
TENTO DIZER... AS PALAVRAS ESTÃO PRESAS DENTRO DE MIM,
TALVEZ POR EU TER SIDO TÃO SUA E VOCÊ TÃO MINHA, EU
TÃO CARNE DE SUA CARNE, TÃO SANGUE DO SEU SANGUE...

E SERMOS AINDA HOJE, TÃO IGUAIS...TÃO PARECIDAS, TÃO LIGADAS...
APENAS EM PLANOS DIFERENTES, É QUE;
PALAVRAS JAMAIS PODERÃO EXPRESSAR OS NOSSOS SENTIMENTOS.
POR ISSO MÃE ! O MEU POEMA ESTÁ ESCRITO DENTRO DA MINHA ALMA !





Ah, essas mães!


Quando nos vem à mente uma figura de mãe, sempre surge acompanhada de um misto de divino e humano.

É muito rara a pessoa que não se comova diante da lembrança de sua mãe.

Meninos que abandonaram o lar por motivos variados, e vivem nas ruas, quando evocam suas mães,
uma onda de ternura lhes invade o ser.

Por que será que as mães são essas criaturas tão especiais?

Talvez seja porque elas têm o dom da renúncia...

Uma mãe consegue abrir mão de seus interesses para atender esse serzinho indefeso e carente que carrega nos braços.

Mas as mães também têm outras características muito especiais.

Um coração de mãe é compassivo.
A mãe sempre encontra um jeito de socorrer seu filho, mesmo quando a vigilância do pai é intensa.

Ela alivia o castigo, esconde as traquinagens, defende,
protege, arruma uns trocos a mais.

Sim, uma mãe sempre tem algum dinheiro guardado, mesmo convivendo
com extrema necessidade, quando se trata de socorrer um filho.

Mães são excelentes
guarda-costas.
Estão sempre alertas para defender seu filho do coleguinha "terrorista",
que quer puxar seu cabelo ou obrigá-lo a emprestar seu brinquedo predileto...

Quando a criança tem um pesadelo no meio da noite, e o medo apavora, é a mãe que corre para acudir.

As mães são um pouco fadas, pois um abraço seu cura qualquer sofrimento, e seu beijo é um santo remédio contra a dor...

Para os filhos, mesmo crescidos, a oração de mãe continua tendo o poder de remover qualquer dificuldade, resolver qualquer problema,
afastar qualquer mal.

No entender dos filhos, as mães têm ligação direta com Deus, pois tudo o que elas pedem, Deus atende.

O respeito às mães perdura até nos lugares de onde a esperança fugiu.

Onde a polícia não entra, as mães têm livre acesso, ainda que seja para puxar a orelha do filho que se desviou do caminho reto.

Até o filho bandido respeita sua mãe, e lhe reverencia a imagem quando ela já viajou para o outro lado da vida.

Existem mães que são verdadeiras escultoras.
Sabem retirar da pedra bruta que lhe chega aos braços, a mais perfeita escultura, trabalhando com o cinzel do amor
e o cadinho da ternura.

Ah, essas mães!

Ao mesmo tempo em que têm algo de fadas, também têm algo de bruxas...

Elas adivinham coisas a respeito de seus filhos,
que eles desejam
esconder de si mesmos.

Sabem quando querem fugir dos compromissos, inventam desculpas e
tentam enganar com suas falsas histórias...

É que os filhos se esquecem de que viveram nove meses no ventre de suas mães, e por isso elas os conhecem tão bem.

Ah, essas mães!

Mães são essas criaturas especiais, que Deus dotou com um pouco
de cada virtude, para atender as criaturas, não menos especiais,
que são as crianças.

As mães adivinham que a sua missão é a mais importante da face da Terra,
pois é em seus braços que Deus deposita Suas jóias, para que fiquem
ainda mais brilhantes.

Talvez seja por essa razão que Deus dotou as mães com sensibilidade e valentia,
coragem e resignação, renúncia e ousadia, afeto e firmeza.

Todas essas são forças para que cumpram a grande missão de ser mãe.

E ser mãe significa ser co-criadora com Deus, e ter a oportunidade de construir
um mundo melhor com essas pedras preciosas chamadas filhos...

02 maio 2007

[poesia] "Davidson Alves"

Quando penso em você...


Quando penso em você me sinto flutuar,
me sinto alcançar as nuvens,
tocar as estrelas, morar no céu...

Tento apenas superar
a imensa saudade que me arrasa o coração,
mas, que vem junto com as doces lembranças do teu ser.

Lembrando dos momentos
em que juntos nosso amor se conjugava
em uma só pessoa, nós ...


É através desse tal sentimento, a saudade,
que sobrevivo quando estou longe de você.
Ela é o alimento do amor que encontra-se distante...


A delicadeza de tuas palavras
contrasta com a imensidão do teu sentimento.
Meu ciúme se abranda com tuas juras
e promessas de amor eterno.


A longa distância apenas serve para unir o nosso amor.
A saudade serve para me dar
a absoluta certeza de que ficaremos para sempre unidos...


E nesse momento de saudade,
quando penso em você,
quando tudo está machucando o meu coração
e acho que não tenho mais forças para continuar;
eis que surge tua doce presença,
com o esplendor de um anjo;
e me envolvendo como uma suave brisa aconchegante...


Tudo isso acontece porque amo e penso em você...

[Poesia] "Deixe-me"

Roger...
(dedicado à menininha)


Menininha,
deixe-me lhe fazer feliz,
fazer o que nunca fiz,
oferecer-lhe o que você nunca teve,
realizar nosso sonho esperança.

Deixe-me tocar sua pele,
e com sussurros de amor
efervecer sua alma,
pulsar seus pensamentos
acendendo novos desejos.

Deixe-me acordar você com beijos
em leves toques,
acariciar seus lábios com os meus
e despertar em você
sentimentos adormecidos e esquecidos.

Deixe-me olhar seus olhos,
navegar seu mundo,
conhecer seu universo.

Deixe-me deixar
você ser o que quero que seja para mim,
a cada palavra, a cada toque...

Deixe me ser vital para você,
como você é para mim
no respirar,
no pulsar do coração,
na melodia da vida,
na luz que nos ilumina.

Deixe-me ser seu menino,
com seu carinho me faça crescer,
com seu corpo me faça abrasar
e com seu amor me faça sempre te amar.

[poesia] "Davidson Alves"

Naufrágio...

Ao relento, venho me despedir,
com muita tristeza no coração...
tristeza,
que enfado de corpo e alma,
e pensamentos que só me levam a você.

Sem você,
sinto um vazio profundo,
sinto-me,
como um navio em alto mar,
talvez,
perdido em meio a uma tempestade,
talvez,
cansado de esperar por socorro...

Nem o mais forte vento,
nem a mais densa neblina,
poderá me separar de você,
por que o destino nos uniu,
e nada nos separará...

Fico aqui esperando por você,
esperando que diga,
que me quer por inteiro,
e será minha para sempre...

Espero que venha me salvar,
na imensidão deste mar...




Bel Prazer


Queria ter você por uma noite,
para poder te dizer e te mostrar,
o que eu tenho para te oferecer...

Dar-te carinhos,
abraços,
amassos...

Dar-te-ei também,
meu coração,
cheio de amor,
esperança.

Sentimentos que se unem,
e fazem florescer a paixão,
que está presa dentro do meu ser...
Está escondida,
e só se mostrará para você.

Mostrar-te-ei também o caminho,
o caminho da felicidade,
que todos procuram,
mas poucos encontram!

Só aquele de coração puro,
De sentimentos verdadeiros,
Consegue encontrar o caminho
da felicidade plena...





Amor é fogo que arde sem se ver

(O sonêto 11 de Luiz Vaz de Camões, foi adaptado musicalmente pelo grupo "Legião Urbana". Sua forma original é tirada do texto bíblico 1 Coríntios 13)


Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer;

É um não querer mais que bem querer;
É solitário andar por entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É cuidar que se ganha em se perder;

É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata lealdade.

Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
se tão contrário a si é o mesmo Amor?

26 março 2007

[Poesia] "AOS MEUS FILHOS"

AOS MEUS FILHOS
Luís Jucá Arrais Maia
Quando eu morrer, se for cremado,
lancem minhas cinza
sao léu, num vôo de liberdade
e como poeira fertilizante
sobre a terra caia.
Porque assim:
Serei ESPERANÇA
na relva que nasce
Serei BONDADE
na sombra que abriga
Serei CARINHO
na brisa que afaga.
Serei SAUDADE
na árvore que tomba
Serei VIDA
no grão que alimenta.
Serei LÁGRIMA
no orvalho que se desfaz.
Serei LUZ,CALOR
na labareda que aquece e ilumina.
Serei AMOR
na ternura da flor que desabrocha
Serei ALEGRIA
na festiva alvorada da madrugada.
E no contraste da vida do morto vivo
Estarei presente
na PERVERSIDADE
dos espinhos que enfeitam os cactose
na INGRATIDÃO dos que protegem as rosas.
Estarei presente
na MALÍCIA disfarçada da urtiga
e na MALDADE
agressiva do carrapicho.
Estarei presente
no ORGULHO
do ipê floradoe
no EGOÍSMO
do mandacarusem sombra.
Enfim, meus filhos:
No sussurro do vento,
Na folha que cai...
A qualquer momento
Encontrarás teu pai.

[Poesia} "História de Amor"

História de Amor
Joseph E. de Sousa
Na hora certa do plantio, num chuvoso abril,
semente sedenta de vida,
caíste no solo do meu coração que te esperava.
Germinaste, cresceste, criaste raízes.
Teus braços verdes se levantaram para o céu.
Chegaram as douradas flores,
seguidas de frutos generosos,
frutos que saciaram todas as minhas fomes.
Na tua sombra me abriguei,
no teu perfume me embriaguei.
No verde de tuas folhas, encontrei esperança.
Nas tuas flores, novos mundos de beleza.
As tuas raízes penetraram profundas
no solo ansioso e fértil do meu coração,
num eterno abraço de amor,
e me ligaram a ti, inseparavelmente, para sempre.

[Poema] "Meu Sonho"

Meu Sonho
Cecília Meireles

Parei as águas do meu sonho
para teu rosto se mirar.
Mas só a sombra dos meus olhos
ficou por cima, a procurar...
Os pássaros da madrugada
não têm coragem de cantar,
vendo o meu sonho interminável
e a esperança do meu olhar.
Procurei-te em vão pela terra,
perto do céu, por sobre o mar.
Se não chegas nem pelo sonho,
por que insisto em te imaginar ?
Quando vierem fechar meus olhos,
talvez não se deixem fechar.
Talvez pensem que o tempo volta,
e que vens, se o tempo voltar.

[Poesia] "O Sorriso"

O SORRISO
Cris Iris
O Sorriso é uma conseqüência direta da felicidade.
O Sorriso é a expressão mais bonita que o ser humano tem.
O Sorriso embeleza qualquer pessoa,
independente de sua aparência.
O Sorriso nos trás forças e esperanças
para lutarmos contra todos os empecilhos.
O Sorriso é universal, tem reflexos por toda parte.
Quando Sorrimos, mostramos que estamos felizes,
de bem com a vida; mostramos que temos esperança
e que não nos deixaremos levar pelos problemas.
Quando Sorrimos passamos a nossa alegria para quem nos ama,
e não damos prazer para quem quer nos ver chorar.
Portanto, SORRIA SEMPRE
para que o amor que está em Você, BRILHE.

[Poesia] "PRECISO DE TI"

PRECISO DE TI
Ricardo Gadelha de Abreu

Preciso de ti para ir à felicidade,
para encontrar a alegria.
Preciso de ti para servir o mundo,
para saber valorizar o meu irmão.
Preciso de ti para socorrer os mais fracos,
para dar abrigo aos sofredores.
Preciso de ti para caminhar,
para dar passos firmes.
Preciso de ti para não tropeçar,
para erguer o olhar confiante.
Preciso de ti para respirar,
para curar as minhas angústias.
Preciso de ti para ser a música,
para cantar a esperança.
Preciso de ti para ter a paz,
para seguir com o Pai Divino.
Preciso de ti para sorrir,
para afastar as tristezas.
Preciso de ti para pensar no futuro,
para fortificar o presente.
Preciso de ti para ser gente,
para crer no meu interior.
Preciso de ti para despertar sabedoria,
para desvendar certos mistérios.
Preciso de ti para ser criança ,
para ser a simplicidade.
Preciso de ti para pedir carinho,
para trazer emoção.
Preciso de ti para sonhar,
para amar, para viver...

[Poema] "SAUDADE"

SAUDADE
Nelson de Medeiros Teixeira

Me perguntas o que é Saudade...

Saudade, eu te juro, é verdade !
É tristeza sem fim, um vazio...
Presença distante,
um olhar suplicante,
um mundo sombrio!

Saudade é a esperança sofrida,
um coração já sem vida
que a nostalgia amortalha...
Bem maior do que a dor,
a saudade é como a flor
que o orvalho da noite agasalha...

Saudade é isto, não me iludo.
Um vento frio,
um olhar perdido, distante e mudo...
Uma sombra que a alma acaricia...
Saudade é como o vento,
que rasga o espaço e deixa seu sopro por traço...
É como a noite surgindo sempre após o dia...

Saudade é mesmo um simples beijo,
uma lembrança fagueira, uma criança trigueira,
um soluço no peito represado,
um grito na garganta sufocado...
Saudade é um vestido cor de rosa,
um laço de fita no cabelo que se agita,
uma angústia dolorosa.

Saudade é muitas vezes
a flor que nasce de um botão,
o mar bravio, a imensidão, a noite fria,
uma canção, e até os versos que te fazia...
Saudade é a tarde fugindo,
é a noite surgindo,
trazendo a dor que consome...

Saudade é a lua saindo,
do fundo do mar emergindo,
riscando em prata teu nome!
Me perguntas o que é saudade...
Saudade, eu te digo:
É como a dor inclemente,
só sabe mesmo é quem sente...

(Nelson de Medeiros Teixeira)

[Poesia] Sossega

Sossega
Fernando Pessoa
Sossega, coração! Não desesperes!
Talvez um dia, para além dos dias,
Encontres o que queres porque o queres.
Então, livre de falsas nostalgias,
Atingirás a perfeição de seres.
Mas pobre sonho o que só quer não tê-lo!
Pobre esperança a de existir somente!
Como quem passa a mão pelo cabelo
E em si mesmo se sente diferente,
Como faz mal ao sonho o concebê-lo!
Sossega, coração, contudo! Dorme!
O sossego não quer razão nem causa.
Quer só a noite plácida e enorme,
A grande, universal, solente pausa
Antes que tudo em tudo se transforme.

05 janeiro 2007

[Poemas] "Caroline"

SEGUINDO


Talvez eu demore a te esquecer,
Talvez não te esqueça jamais,
Mas no momento, meu
olhar despreza os caminhos
semeados por estrelas
espalhadas ao léu.

Dirijo o meu olhar
além das sombras do passado,
e sigo em frente,
infinito absoluto
recheados de serenas noites,
estreladas ou não...
O importante é que sei:
dias melhores virão!


Jardins do Éden


Pálpebras pesadas,
sensação de latência amorosa,
alma lavada,
coração sequestrado,
fascinação em ação.

De repente, o zumbido
em fá sustenido,
e a luz,
azul, diamantina,
envolvente, divina.

Iluminado, se eleva e
atravessa os nove céus,
penetra a caverna do mais puro jade
e se senta,
no centro,
feliz, à vontade.

Estalactites, estalagmites,
verdes, zilhões de verdes,
all green!
Extasiado, fecha os olhos e vê,
ela,
Vênus, Psiquê, Afrodite,
Shakti, Isis, Oxum,
Nefertit...
Mulher, Mito e Rito.

Perfume no ar!
Daliflor, jasmins?
Inebriado se entrega,
o corpo a girar, girar...
Derviche Apaixonado,
esse é o seu estado.

Mil e uma noites acontecendo assim,
entre exóticos camelos, marfins,
dunas, tamareiras,
tapetes voadores,
galáxias de flores
e a música das esferas
na terra do sem fim.

O que antes fora o encanto do reencontro,
inexorável desejo,
agora é a criação do mundo,
prazer absoluto,
nirvana do beijo.

Pouse leve, vibre suave,
palavras são mantras,
pensamentos são vibrações...
no éter... no... éter...
no eterno ... terno... ter.


POETA SOU


Se sou poeta, não posso afirmar,
Sei que canto ao acordar,
Sei que suspiro do te olhar,
Sei que peço a Deus, tua alma guardar,
Sei que choro se te vejo sofrer e nada posso fazer.

Disseram que ao amar, poetas nos tornamos,
e o coração impertinente, exige trilha sonora
ao luar , sonhando, sonhando feliz,
que em clima de happy End , viverá!!
...Eu amo você, poeta sou!!

[Poemas] "Aurea Abensur" (Orinho).

A HORA DO ENCONTRO

É chegada a hora do encontro!
A ânsia da espera se faz viva
Em minh'alma!
Meu corpo também te espera!
Enfim...

O nos olharmos nos olhos vai acontecer
Será um reencontro?
Será um reconhecimento?
O cosmo me responde que sim!
Estou aqui, somente a tua espera
Meu ser clama por esse instante!



A NOITE


O nascer da noite,trazendo luzes e sombras,
fazem meu coração fortemente pulsar.
Abrem-se as portas do tempo
e o vento como que canta
e me encanta com seu leve soprar.

Ouço na lembrança tua voz e cerro os olhos,
vejo ao longe teu semblante a me mostrar
com veracidade no olhar, que ainda podemos amar.

Enlevo-me à tua presença,
aos teus abraços e sinto o poder te ver, te tocar.
Só à noite meu amor,
tem o poder de apaziguar minh'alma.

Quando ela vem, sinto que somos
o que queremos ser, apenas nós!
Salvador, num outono da vida...
AMADO AMIGO.

[Poemas] "Anna Amélia"

O PENSAMENTO E O SENTIMENTO


O amor e a razão, não se acertam...
que o amor não tem razão....
e a razão nem sempre tem amor...

Se o amor...é inimigo da razão,
que fazer, quero amar..e quero ter razão..
quem quer não ter razão?
viver sem amor, é morrer..
viver sem razão..é enlouquecer?

Quero sim viver..com amor e paixão..
tenho mesmo razão de querer viver..
com amor e paixão..
que viver pra valer a pena,
tem que ser com tesão...
então..o que fazer?

Se ninguém consegue cavalgar dois cavalos..
se ninguém consegue servir a dois senhores

Acho que descobri um caminho,
ah! sim...vou colocar o pensamento,
a serviço de meus sentimentos...
e nunca, nunca deixar de amar....



ADÁGIO DO AMOR



Quando finda o dia, e começa a escurecer,
a gente se espanta com a beleza
das sombras chegando,
empurrando a luz para o outro lado do mundo.

É preciso fazer-se escuro, para de novo alvorecer....
mas para que não fiquemos abandonados,
na completa escuridão, pintam lusinhas faiscantes
como brilhantes, para mais nos admirarmos
até luar pode acontecer, para que sonhemos

todos os sonhos de amor

É no banho de luar, que meu corpo arrepia,
minh´alma suspira....procurando meu amor...
Eis que a escuridão já invadiu tudo..

Até meu pensamento..Bate aquela solidão,
pois escuridão rima com solidão,
e meu corpo treme, minh´alma geme,
procurando meu amado...

Só ele pode salvar-me da solidão...

Acontece um toque de sino....

Logo vários repicam.. Presto atenção,.

O luar me ilumina, trazendo a alegria
da presença ausente de meu amor..

Ouço o vento dizendo que não estou só....

Posso sentir que meu amado se faz presente,
fica poderoso na força de nosso amor!

[Poema] "Angela Lara"

SÓ PRA TE DIZER...


Meu Amigo,
de tanto sonho quebrado,
estou aqui para te dizer
que descobri o segredo das águas...
elas são turvas,
tanto quanto a ilusão.

Posso te procurar por todas as estradas,
mas foges da minha visão...
gostaria apenas que não tivesses
medo da verdade,
já passamos desta fase.
Sei também que não tenho escrúpulos ao te dizer tão claramente:

- TE AMO

e isto intimida...

Perdoe-me!!!!

Já vivi muito tempo para omitir isto.

Hoje, pensando sobre tudo,
depois de mais um dia vazio,
supondo que estejas bem.
e clamando por tua felicidade,
tuas realizações,
me encontro aqui,
repetindo a mesma oração
que clamei sobre teu corpo...

És muito importante para mim,
para estar de qualquer jeito,
mas sei que nem isto queres saber,

É estranho não enlouquecer,
mais estranho ainda
é não saber calar este coração insano.

Estou aqui e estarei sempre,
torcendo por ti,
sabendo que tudo o que eu sinto
é puro demais para esta realidade
e aliás, o que já falamos,
não existe dentro da esfera...

Nós dois juntos,
somente numa outra era...

por enquanto nesta, EU TE AMO!!!

[Poemas] "Andréa Borba Pinheiro"

DESFAÇO


Desfaço agora, todos os laços que antes nos uniam.
Os papéis, estão todos amassados,
os lábios que antes sorriam,
agora gritam desbocados.

Me desfaço do abraço,
do olhar que me cobria,
do carinho escasso,
que tu me oferecias.

Desfaço as palavras de amor que te lancei,
desfaço o nó que atava nossas almas,
desfaço tudo, pois de você, nada sei,
e vou seguir em frente com calma.

Desfaço as frases de ternura que escrevi,
desfaço os poemas que um dia te dei,
desfaço tudo, pois sou melhor sem ti,
desfaço tudo, pois amor, eu não te amei.

TOQUE


Sensível, leve, quase não percebo,
deslizando pelas curvas do meu rosto,
arrepiando minha pele,
despindo-me de medo.

Antes hesitava...nunca o fazia.
Timidamente aproximei-me,
não o bastante para tocar-te
mas, se ao menos eu tentasse...

Como reagirias? Que dilema!
Sorririas? Afastaria-me? O que farias?
Amo-te!
Não confunda-me!

Um dia a vergonha dissipou-se
dando espaço ao sentimento
que fluiu lindamente...
E toquei sua face, banhei-me em contentamento!...

SE ME PERGUNTARES


Se me perguntares se amei,
direi que sim!
Acreditava que pudesse dar certo,
não enxergava o fim.

Se me perguntares se odiei,
direi que não.
Teus lábios beijei, teu sentimento toquei.
Detestaria machucar-te, não sou sem coração.

Se me perguntares se gostei,
direi que sim.
Não foi "eterno, posto que é chama",
mas foi "infinito enquanto durou".

Se me perguntares se ainda quero,
digo que não.
Pois o coração é cego,
mas o meu orgulho não!

[Poema] "Acredite Em Seus Sonhos..."

Acredite Em Seus Sonhos...
Clicia Pavan

Quando o sonho florir
Não o impeça de se realizar
Vá em frente !
Não recue diante
Do que poderá viver.

Sonhe sempre,
Mas nunca permaneça na ilusão.
Siga em frente com toda força,
Faça do seu coração seu guia.
Em todos os momentos
Mantenha sempre a esperança.

Quando todas as coisas disserem
não a um sonho seu,
Demonstre que quem vive por um ideal
O alcançará.

Não desista nunca,
Não tenha medo de ser feliz.
Sonhe, pois quando se luta,
Sonhar vale a pena.

O sonho é uma conquista do dia-a-dia
e não uma ilusão de quem sabe sonhar.

[Poema] "Meu Sonho de Amor"

MEU SONHO DE AMOR
Clicia Pavan


As vezes sem querer,
me vejo cantando,
sonhando com um mundo
feito só pra nos dois...

Vejo meu sonho no céu,
vejo nossos desejos
como pirilampos que surgem
brilhando rompendo véus...

Sinto uma ternura suave trazida
pelo vento que balança as flores,
que baixinho me fala de amor....

Sussurros de uma paixão
sinto toda magia da sedução,
sinto vontade de te abraçar,
de sentir você perto de mim...

Sinto vontade de te fazer um carinho...

Fecho meus olhos nessa hora tremula
de desejo louca por um beijo...

Penso:

Ah! meu amor quero seguir
tua estrada de ...

Quero acordar ao teu lado,
E nos teus braços encontrar a paz...

Quero que meu sonho de amor vire realidade,
quero te amar de verdade ...

[Poesias] "VIVER"

"VIVER"
Clicia Pavan

Viver, não é doar um pouco...
É doar sempre.
Não é apenas suportar a ofensa...
É esquecê-la.
Não é compadecer...
É ajudar, mesmo que isso se torne incômodo.

Viver, não é simplesmente sorrir...
É mais do que isso, é fazer alguém sorrir.
Viver, não é medir sua ajuda...
É ajudar sem medir.
Não é ajudar somente quem está perto,
mas estar sempre perto para ajudar.

Quem realmente vive e ama,
Não faz o que pode...


FAZ O IMPOSSÍVEL.

Viver é sempre dizer aos outros
que eles são importantes,
Que nós os amamos,
porque um dia eles se vão e ficamos com
a nítida impressão de que não
os amamos o suficiente.

V I V A . . .

Ame as pessoas ao seu redor,
diga-lhes o quanto elas significam para você,
perceba que a felicidade é uma coisa tão simples,
que você pode alcançá-la num só gesto,
desde que esse gesto transmita tudo de bom que existe em você,
desde que signifique SINCERIDADE.
Desde que demonstre AMOR
.

20 dezembro 2006

[Poemas] " Celso Brito "

Meninice

Ah se eu morresse de amor!
Que bonito seria!...
Meu nome, nome de rua.
Meu busto, busto de praça.
Meu coração, amuleto da sorte.

E as moças de nascimentos distantes
- amores mais distantes ainda -
carregadas de flores para o meu funeral.

Os casais e os amantes das noites,
mentindo para uma estrela distante,
na qual puseram o meu nome.

Ah se eu morresse de amor!
Só que sem medo, sem dor,
sem aviso prévio, durante o sono.
E durante pouco tempo.



Noturno

Me cresce da alma feito praga
desdém do dia inútil,
que me sorrir da janela
onde dormem trepadeiras.

O meu Crio em Deus Pai
- que não creio -
rezo ante a beleza
imutável dos altares,
edificados sobre mim.

Copio olhares sem nomes,
ausentes ao momento lírico.
O poema se esfarrapa no ar de horrores.
Um carro cruza sobre mim, a avenida.



Variações do Terceto I

Distante, um vaqueiro
tange o gado.
Mistura-se ao mugido.

Na mira dum caçador
um coelho se esconde...
Sem sorte!

O desenho da fumaça
projeta paz,
atrás do cigarro.

Enclausurado na rocha,
o inseto.
Protege seu veneno.

Cão no borralho,
na sombra um burro.
Coisas nossas!

Mato seco na estrada
Fim da colheita
Pássaros no paiol

Embaixo da mata
corre o riacho.
Desviando-se das pedras.

Seca... cigarra
Vida... vento
Casas vazias

Inútil. A mosca tenta
sem sucesso,
ultrapassar o vidro.

Candeias acesas
Toalhas brancas
Ninguém à mesa



Variações do Terceto II


Pipa solta no horizonte
Linha<------ ----->partida
Brincadeiras do vento

Fim de tarde em Belém.
Chuva de periquitos
na copa das mangueiras.

Um cavalo vigia na sobra
o breve sono do vaqueiro.
É meio dia na fazenda.

Move o dia lento...
Deixa imóvel meu pensamento,
na palha do coqueiro, sem vento.

Chove em Macapá.
Gotas perpendiculares,
na linha do equador.

Imaginário possível:
meu verso convexo transborda.
Água da última chuva.

Galope de burro na estrada.
O bater de asas das rolas pardas,
abrindo passagem.

Revoada no cajueiro
Fim do dia. Silencia.
Periquitos no poleiro.

Chuva na copa da mata.
Vento brincando na estrada,
rouba-me o chapéu.

[Poema] "Da torre de vigília"

Celso Brito


Esse vaga-lume aceso em volta de nós.
Esse olho que espreita nosso gozo,
do fundo escuro do seu tempo.
Esses quintais.
Esses quartéis.
Essas ladeiras.
Esse sol queimando a pele.
O que mais nos resta?

O segredo e a descoberta.
Damos qualquer resposta.
E subimos ao altar,
e nos despimos,
diante dos olhos estarrecidos das imagens,
Nosso nu,
nosso desgraça.
Tamanha desordem...
Os deuses dentro de nós.

No teu olhar um brilho frio de metal.
O vinho tinto que derrama
nos degraus de marfim.
O céu de acrílico que cai
da arquitetura de néon.
E o manto de estrelas que fica
não te acompanha no teu ir.

Um soar descompassado de sino nos anuncia.
E cobre de luto,
o que seria um novo amanhecer.

[Poema] "Antítese"

Celso Brito


Na exatidão
sou a distância maior
entre dois pontos distintos

No sonho
sou o medo daquele
que está sempre acordado
a espreitar o inimigo

Na vida
sou o saltimbanco
que apresenta seu espetáculo
para uma platéia entorpecida

No filme
sou a cena de ação
onde morre o mocinho

Na fuga
sou a distância que separa
o ataque da presa

No amor
sou a semelhança cômica
entre a careta do orgasmo
e a agonia da morte

Na noite
sou a prostituta sem nome
de sexo carnudo
servido a todas

No beijo
sou a boca de homem
com lábios fortes
apertando a alma
sem sentimentos

Na hipótese
sou a dúvida
que desmente a tese
e mantém o problema

No fim
serei poeta
para poder tudo outra vez.

[Poema] "O Nascer das Criaturas"

Celso Brito


Chove, uma neblina perfumada.
Gota a gota escorre,
por entre lábios e pernas.
O sol despeja raios solertes
na pele rósea.
Erguem-se da grama as criaturas.
E a noite cobre o nu
que a natureza contempla.

A aurora encontra vestígios,
que denunciam a partilha.
O tempo segue as pegadas
e fecunda no vão da carne
um pequeno grão de vida.
Cumpre-se a gestação
e da carne irrompe pujante espiga.
Repousa agora o corpo frutificado.

[Poema] "Um certo sertão"

Celso Brito


Contra o mar e a seca, só o sonho.
Nenhuma reflexão cabe a esse fato.
Todas são aflições da alma.

Existe um abismo entre a lágrima e a sua ausência.
Por isso há os que choram,
os que esperam a beira do caminho
e os que cruzam horizontes em busca da brisa.

É inútil esperar pelo mar.
A terra seca sob os pés separa dois mundos.
E essa onda sempre volta,
sem nunca ultrapassar os limites da areia.

O oceano, que daqui um dia se foi, não volta mais.
Fugiu com os navios no caminho do vento,
levando os homens e o coração das mulheres.

Resta essa paciente espera,
mesmo quando não há mais o que esperar.
Sendo assim, não cabe a mim encerrar a história;
embora acredito que queira saber como isso termina.

Um viajante de longe foi quem me disse
da inútil lágrima no mar-oceano.
Ela nada resolve, nada acrescenta ao seu volume.
Mas quem ama sempre volta... acredita no mar.

[Poema] "Cárcere destino"

Celso Brito.


Quando a tive sob meu julgamento,
condenei-me pelo crime que havia no olhar.

Seus gestos de quase nunca
denunciaram a culpa.
a minha?...
a dela?...

- Desconhecida era a pena.

Ordenei-lhe a fuga.
Resistiu, pois sabia de mim.

Vieram as perguntas.
As fiz em outro tempo
em resposta ao seu corpo.

- Desconhecido também era o tempo.

Conjugavam-se o ontem e o agora,
o futuro ainda não existia.

Confessei os feitiços,
o arder das chamas,
o verbo aliciado pela carne desde o princípio.

A mim não coube recurso. Culpado.
Mantive-me prisioneiro do cárcere destino,
sob vigília,
para evitar a fuga.

Quando a tive sob meu julgamento,
condenei-me ao eterno amar.

13 dezembro 2006

[Poema] "O Que Mais Dói"

Patativa do Assaré


O que mais dói não é sofrer saudade
Do amor querido que se encontra ausente
Nem a lembrança que o coração sente
Dos belos sonhos da primeira idade.

Não é também a dura crueldade
Do falso amigo, quando engana a gente,
Nem os martírios de uma dor latente,
Quando a moléstia o nosso corpo invade.

O que mais dói e o peito nos oprime,
E nos revolta mais que o próprio crime,
Não é perder da posição um grau.

É ver os votos de um país inteiro,
Desde o praciano ao camponês roceiro,
Pra eleger um presidente mau.

[Poema] "Seu Dotô Me Conhece?

Patativa de Assaré.

Seu dotô, só me parece
Que o sinhô não me conhece
Nunca sôbe quem sou eu
Nunca viu minha paioça,
Minha muié, minha roça,
E os fio que Deus me deu.

Se não sabe, escute agora,
Que eu vô contá minha história,
Tenha a bondade de ouvi:
Eu sou da crasse matuta,
Da crasse que não desfruta
Das riqueza do Brasil.

Sou aquele que conhece
As privação que padece
O mais pobre camponês;
Tenho passado na vida
De cinco mês em seguida
Sem comê carne uma vez.

Sou o que durante a semana,
Cumprindo a sina tirana,
Na grande labutação
Pra sustentá a famia
Só tem direito a dois dia
O resto é pra o patrão.

Sou o que no tempo da guerra
Contra o gosto se desterra
Pra nunca mais vortá
E vai morrê no estrangêro
Como pobre brasilêro
Longe do torrão natá.

Sou o sertanejo que cansa
De votá, com esperança
Do Brasil ficá mió;
Mas o Brasil continua
Na cantiga da perua
Que é: pió, pió, pió...

Sou o mendigo sem sossego
Que por não achá emprego
Se vê forçado a seguí
Sem direção e sem norte,
Envergonhado da sorte,
De porta em porta a pedí.

Sou aquele desgraçado,
Que nos ano atravessado
Vai batê no Maranhão,
Sujeito a todo o matrato,
Bicho de pé, carrapato,
E os ataques de sezão.

Senhô dotô , não se enfade
Vá guardando essa verdade
Na memória, pode crê
Que sou aquele operário
Que ganha um nobre salário
Que não dá nem pra comê

Sou ele todo, em carne e osso,
Muitas vez, não tenho armoço
Nem também o que jantá;
Eu sou aquele rocêro,
Sem camisa e sem dinhêro,
Cantado por Juvená.

Sim, por Juvená Galeno,
O poeta, aquele geno,
O maió dos trovadô,
Aquele coração nobre
Que a minha vida de pobre
Muito sentido cantou.

Há mais de cem ano eu vivo
Nesta vida de cativo
E a potreção não chegou;
Sofro munto e corro estreito,
Inda tou do mermo jeito
Que Juvená me deixou.

Sofrendo a mesma sentença
Tou quase perdendo a crença,
E pra ninguém se enganá
Vou deixá o meu nome aqui:
Eu sou fio do Brasil,
E o meu nome é Ceará.

[Estudo] "Patativa do Assaré"

Relações entre Estética, Hermenêutica, Religião e Arte
[Por:] Cristiane Moreira Cobra

Resumo

Este trabalho é fruto de uma pesquisa bibliográfica e teórica sobre a poesia de Patativa do Assaré; constata que o discurso poético constituído em sua obra aponta para elaboração de uma forma de contestação e resistência diante das desigualdades vivenciadas pelo seu grupo, que toma por referência a religiosidade cristã popular. Como elementos dessa poética resistente ressaltamos a memória, a oralidade, a ressignificação de conceitos instituídos pela ortodoxia da Igreja, bem como a abordagem de temas pertinentes aos membros desse grupo. A interpretação analítica dos poemas tem como referências a teoria literária de Alfredo Bosi. Patativa recorre ao imaginário religioso cristão católico como fonte de sentido e significado, revelando formas típicas à Cultura Popular de compreensão da religiosidade.

Palavras-chave: Patativa do Assaré; Ressignificação; Hermenêutica; Resistência.

Abstract
This article is the result of a bibliographic and theoretical research about Patativa do Assaré´s poetry. It ascertains that the poetical discourse present in his work indicates the elaboration of contention and resistance concerning the inequality lived by his group, which uses the popular Christian religiosity as reference. The memory, orality, re-signification of concepts instituted by the Church´s ortodoxy as well as the approach of pertinent themes to the members of this group are emphasized as elements of his resistent poetry. The analytical interpretation of the poems is based on the literary theory of Alfredo Bosi. Patativa makes use of the Christian Catholic religious imaginary as source of sense and meaning. He reveals to the popular culture typical forms of understanding the religiosity.

Key words: Patativa do Assaré; Re-signification; Hermeneutics; Resistance.

1. Introdução

A Literatura Popular, rica em seu macrocosmos variado de autores, temas e obras, revela-se também riquíssima no microcosmo de cada um de seus autores, sendo hoje amplamente reconhecida e divulgada na pessoa do poeta Antônio Gonçalves da Silva, o Patativa do Assaré, personagem chave do panteão nordestino[1]; homem do sertão, agricultor pobre que passou por poucos meses de contato com o aprendizado escolar e que é considerado aqui sob o signo de poeta e artesão da linguagem[2], autor de uma obra consistente e reconhecida, emblemática da Literatura Popular nordestina[3] e nacional. Sua poética marcada pela oralidade constitui-se como voz que posteriormente fez-se letra[4]; foi, originalmente um artesão da palavra falada, narrador performático de improvisos versificados numa linguagem matuta.

Neste estudo, situamos resumidamente o contexto do poeta e de sua Literatura Popular, como se constitui seu discurso poético, sua estética e sua hermenêutica populares, além dos elementos de resistência e contestação presentes na poética de Patativa, como ele descreve e dialoga com a religiosidade popular e como reelabora o conceito de Divina Providência. Patativa recorre ao imaginário religioso cristão católico como fonte de sentido e significado; entretanto revela-se sua elaboração popular de tais elementos como presença marcante da religiosidade do povo nordestino e brasileiro. Conforme o aporte teórico de Alfredo Bosi, é preciso debruçar-se sobre a obra do poeta, iluminando-a sob a luz da história da consciência humana, que não é estática e nem mesmo homogênea.[5] Considerar o contexto do poeta, sua relação com a História Geral, bem como a história particular imanente e operante em cada um de seus poemas; repensando o conceito de historicidade dessa obra poética, derrubando cronologismos apertados e relacionando poesia e sociedade.

Segundo Alfredo Bosi, o poema é uma expressão poliédrica, herdada e inventada, pela qual o poeta enfrenta a rotina retórico-ideológica da sociedade usando livremente instrumentos da própria tradição e é preciso reconhecer o sim e o não em todas as coisas.[6] Nosso objetivo é, a partir da palavra poética, compreender as relações entre produção literária, religiosidade, imaginário e cultura; para então: aprofundar o conhecimento a respeito da obra poética de Patativa do Assaré, compreender as formas populares de reelaboração e ressignificação do imaginário católico e discutir a hipótese de que a poesia de Patativa e seus elementos da Cultura e Religiosidade Popular caracterizem fator de resistência.

Se todo discurso revela uma forma de ver o mundo e de interpretá-lo, pois através da palavra atribuímos sentido e significado a esse mundo, no caso do discurso poético de Patativa o sentido é dado pela relação com a natureza e com a religiosidade popular, que é o ponto focal de nosso interesse. Sob a ótica das Ciências da Religião, aprofundar a análise dessa obra, possibilita ampliar o conhecimento sobre a Literatura Popular no Brasil, enquanto manifestação artística, e suas relações com a religiosidade e a cultura.

Segundo Foucault, a Linguagem constitui teias de significado que operam em todos os âmbitos da vida.[7] Roland Barthes afirma que a fala se constitui como uma forma de organização pessoal e implica sempre em exercício de poder.[8] Sendo a Literatura Popular, uma Linguagem própria que evoca significados e também caracteristicamente oral (fala), deve considerar-se que, portanto implica exercícios de poder. O principal autor tomado como referência teórica é Alfredo Bosi, principalmente por sua consideração (conceituação) da poesia como uma forma de resistência; ele afirma que o poeta é caracterizado como o doador de sentido, mas que no mundo moderno ocorre uma cisão, restando à poesia o papel de aguçar a consciência dessa contradição do sentido, pois não se integra mais aos discursos correntes na sociedade. De acordo com Bosi, o poema pode ter o papel de acender no homem, ou de revelar, o inconsciente desejo de uma outra existência, mais livre e mais bela e, sendo assim, a poesia traduz em sons e símbolos essa realidade pela qual ou contra qual vale a pena lutar.

2. Contexto de uma poética: Literatura de Folhetos Nordestina
Segundo Márcia de Abreu, a Literatura de folhetos Nordestina pode ser considerada uma das expressões populares mais brasileiras que existem, marcadamente comuns na região Nordeste e naquelas regiões que abrigam os migrantes de origem nordestina. Com as grandes navegações aportaram no Brasil trovadores e artistas populares, que trouxeram em sua bagagem cultural o que alguns consideravam ser as origens dessa literatura, porém no Brasil a Literatura Popular desenvolveu temáticas próprias e hoje ultrapassa um século de história.[9] Trata-se de uma Literatura dinâmica e flexível, que atinge os mais diversos temas, com objetivos múltiplos e vasta divulgação e aceitação social, tanto em meios populares, como nas elites acadêmicas. O folheto é um veículo popular de participação na vida do país, que permite ao povo debater a realidade, expressar suas necessidades e aspirações.[10] Apesar de serem impressos, no entanto, os folhetos caracterizam-se por sua tradição oral, suas marcas de oralidade e o fato de serem feitos para serem declamados, lidos ou cantados em voz alta para um grande número de pessoas, mesmo as analfabetas; características comuns às culturas que valorizam a oralidade, segundo Paul Zumthor.[11]

No Brasil, infelizmente, a Literatura Popular em verso foi, por muitos anos, mal compreendida e interpretada, excluída dos estudos oficiais de literatura, permanecendo em desconhecimento por longo período. Como principais motivos da demora no reconhecimento e inclusão dessa modalidade literária nos estudos oficiais, Joseph M. Luyten levanta alguns problemas históricos como a introdução tardia da imprensa no país, que foi o último das Américas a dispor desse recurso, e a excessiva imitação de modelos estrangeiros pela intelectualidade.[12] O início dessa manifestação literária no Brasil remonta a fins do século XIX e conta hoje com maciça bibliografia crítica e uma vasta produção de folhetos e autores que constituem um panorama das influências dessa poética popular em nossa cultura.

A questão da especificidade da produção dessa Literatura no Brasil, mais especificamente no Nordeste do país, toma corpo com a nova hipótese explicativa levantada pela pesquisadora Márcia Abreu que propõe um confronto entre o Cordel português e a Literatura de Folhetos Nordestina visando, a partir da apresentação da trajetória histórica e da comparação dos textos, discutir a independência entre essas duas formas literárias.[13] A autora aponta para o equívoco da hipótese de uma associação ou decorrência entre Literatura de Cordel portuguesa e Literatura de Folhetos do Nordeste brasileiro; questiona ainda o uso do termo Literatura Popular como sinônimo de cordel, já que tanto os autores quanto o público dessa literatura não pertence exclusivamente às camadas populares.[14] Através de um esmiuçado levantamento do trajeto histórico do Cordel português, Márcia conclui pela completa ausência de unidade dessa produção, que inclui textos em verso, em prosa, de gêneros variados, produzidos e consumidos por camadas amplas da população, não somente as populares.[15] Salienta ainda que a possível característica de uniformidade dessa produção não inclui o texto, nem os autores e nem mesmo o público; somente a materialidade do cordel, sua aparência e seu preço.[16]

A longevidade de um corpus literário é, quase sempre, maior do que a do suporte gráfico por meio do qual é divulgado; isso ocorreu da mesma forma com o romanceiro popular nordestino, que já existia muito antes da imprensa em folhetos.[17] A base de subsistência do romanceiro popular nordestino, anteriormente ao registro escrito no século XIX, constituía-se pela conjunção entre memória e oralidade; sendo que os primeiros manuscritos compunham os cadernos pessoais de poetas, com versos próprios e de grandes mestres, que podiam ser vendidos ou trocados eventualmente.[18] A Literatura Popular Nordestina constitui um corpus específico, não pelo formato gráfico dos folhetos, mas por sua especificidade de gênero literário construído na e pela oralidade conjugada à memória. A principal característica que garante especificidade aos Folhetos Nordestinos é a rigidez de regras quanto à rima, à métrica e à estruturação do texto, sendo que essas regras são conhecidas pelos autores e também pelo público; e como afirma a pesquisadora Márcia Abreu, essa rigidez da forma parece ser uma criação brasileira, já que em Portugal não existe essa uniformidade nas produções.[19]

Patativa, por sua vez, nasce, cresce e se torna poeta em meio a essas influências referentes à rima, métrica e oração características desse corpus literário nordestino, traduzindo em seus versos características de repentista, cantador, autor de improvisos livres ou baseados em motes, além de produzir também poemas encomendados, com temática definida, e, posteriormente aos tradicionais folhetos, publicar inúmeros livros, gravar LPs, entrevistas no rádio e na televisão e fazer ecoar sua poesia através de diversos mídia.

3. Antonio: o despertar do poeta Patativa
Antônio, como era chamado o poeta, segundo filho do casal de agricultores Pedro Gonçalves da Silva e Maria Pereira da Silva, nasceu no dia 5 de março de 1909 e viveu sua meninice no sítio dos pais, distante três léguas da vila de Assaré, ao sul do Ceará; vivenciando desde menino as agruras do trabalho com a terra no nordeste seco.[20] Na época o estado do Ceará contava com oitenta e dois municípios, dos quais vinte e oito cidades e cinqüenta e quatro vilas; Assaré era uma dessas vilas desde 1865, quando se desmembrou de Saboeiro.[21] É interessante salientar que Assaré, etimologicamente, significava atalho, antigo desvio do caminho das boiadas dos Inhamuns para o Piauí[22]; e também para o poeta Patativa seria um atalho para o mundo, um acesso rápido à universalidade da experiência humana da existência.

Nas biografias do poeta, é marcantemente narrado o infeliz fato de sua cegueira, decorrente da combinação de duas doenças que o acometeram por volta de um ano de idade, segundo alguns pesquisadores, ou até por volta dos quatro anos segundo outros[23]. A seqüela, apesar de marcada pela negatividade, acabou sendo posteriormente associada a características de outros grandes poetas, entre os quais Homero e o violeiro cego Aderaldo; ou associada a Camões pelo próprio Patativa. O mundo do menino Antônio era a Serra, Serra de Santana, na qual o lazer era contemplar a paisagem e brincar com os cinco irmãos, além do constante trabalho na roça; em sua memória da infância, porém, impregnou-se a visão performática de violeiros e versejadores repentistas, os quais presenciou ainda criança e almejou um dia aventurar-se a imitar.[24]

Apesar da visão bucólica de sua própria infância, as análises constituídas sobre o poeta e sua obra revelam indícios da forte influência do mundo adulto na formação de sua personalidade, o trabalho precocemente presente e o pouco contato com crianças de sua idade corroboraram a construção dos sentidos e valores de sua vida e, conseqüentemente, de sua poética. Sem determinar por completo ou delimitar diretamente caminhos pré-concebidos unicamente pela tradição, Patativa revela sua individualidade ao reelaborar essa visão adulta do mundo e transcrevê-la em sua poética, sem, contudo, negar sua infância.[25] Seu período de freqüência escolar foi mínimo, apenas alguns meses, segundo ele próprio, quando já tinha doze anos; aprendeu usando os livros de Felisberto Rodrigues Pereira de Carvalho; adiantou-se na leitura dos livros, que deveriam ser usados durante dois anos, mas foram facilmente devorados em meses, abrindo acesso à cultura escrita para o sagaz leitor.

Patativa vive um período de mudanças dos oito aos dezesseis anos, durante o qual começa a fazer poesias antes de ser alfabetizado e a cantar viola antes de ter seu próprio instrumento, interessa-se pelos folhetos, mas não sabe ler ainda, arrisca versos enquanto brinca de caçadas com bodoque. Alguns pesquisadores consideram essa fase de hesitações coincidente com o momento em que Patativa ganha sua própria viola, de presente de sua mãe, e passa a entusiasmar-se com as cantorias e convites para apresentações.[26] Pesquisadores como Gilmar de Carvalho consideram que a vocação poética de Patativa teve origem já na infância, no lazer de contemplação da natureza, bem como nas participações de leituras coletivas de folhetos de cordel, de ponteios de viola e de pelejas[27]; a partir dessas experiências contemplativas da beleza, natural e cultural, descobriu a possibilidade da criação própria e do improviso de versos.

4. Versos: estética, ética e hermenêutica, a arte no sertão
Percebemos nos poemas de Patativa a constituição de um eu-poético esteta contemplativo que admira a natureza e percebe o mundo através dos sentidos, revelado em versos como os que se seguem:

ABC NEM BEABÁ
no meu livro não se incerra.
O meu livro é naturá
é o má, o céu e a terra,
cum a sua imensidade.
Livro cheio de verdade,
de beleza e de primô,
tudo incadernado, iscrito
pelo pudê infinito
do nosso Pai Criadô.[28]

Inúmeros outros poemas de Patativa confirmam sua admiração contemplativa pela natureza, sua percepção do livro da natureza, considerando sempre a autoria divina desse registro de beleza e verdade.

Paralelamente a um eu-poético hermeneuta intérprete do mundo que o traduz numa linguagem poética popular, apresentando significados próprios para realidade vivida, como percebemos nos versos a seguir:

CANTE LÁ, QUE EU CANTO CÁ
Poeta, cantô da rua,
Que na cidade nasceu,
Cante a cidade que é sua,
Que eu canto o sertão que é meu.
(...)
Você é munto ditoso,
Sabe lê, sabe escrevê,
Pois vá cantando o seu gozo,
Que eu canto meu padecê.
Inquanto a felicidade
Você canta na cidade,
Cá no sertão eu infrento
A fome, a dô e a misera.
Pra sê poeta divera,
Precisa tê sofrimento.
Sua rima, inda que seja
Bordada de prata e de oro,
Para a gente sertaneja
É perdido este tesôro.
Com o seu verso bem feito,
Não canta o sertão dereito,
Porque você não conhece
Nossa vida aperreada.
E a dô só é bem cantada,
Cantada por quem padece.
(...)
Canto as fulô e os abróio
Com todas coisa daqui:
Pra toda parte que eu óio
Vejo um verso se bulí.
Se as vez andando no vale
Atrás de curá meus male
Quero repará pra serra,
Assim que eu óio pra cima,
Vejo um diluve de rima
Caindo inriba da terra.
Mas tudo é rima rastêra
De fruita de jatobá,
De fôia de gamelêra
E fulô de trapiá,
De canto de passarinho
E da poêra do caminho,
Quando a ventania vem,
Pois você já tá ciente:
Nossa vida é deferente
E nosso verso também(...)[29]

Em sua hermenêutica popular, o poeta reinventa os modos de ser do povo sertanejo nordestino, propõe novos modos de viver e ordena través de sua linguagem poética todas as coisas e o mundo; na fluidez de seus versos doa sentidos à realidade.

Além desses, Patativa revela um eu-poético artista que percebe, reinterpreta e cria, experimentando a emoção estética de produzir sentido e fazer de todo e qualquer objeto, um objeto artístico, como no trecho do poema que segue

O INFERNO, O PURGATÓRIO E O PARAÍSO
Pela estrada da vida nós seguimos,
Cada qual procurando melhorar,
Tudo aquilo, que vemos e que ouvimos,
Desejamos, na mente, interpretar,
Pois nós todos na terra possuímos
O sagrado direito de pensar,
Neste mundo de Deus, olho e diviso
O Purgatório, o Inferno e o Paraíso.
Este Inferno, que temos bem visível
E repleto de cenas de ternura, (sic)
Onde nota-se o drama triste horrível
De lamentos e gritos de loucura
E onde muitos estão no mesmo nível
De indigência, desgraça e desventura,
É onde vive sofrendo a classe pobre
Sem conforto, sem pão, sem lar, sem cobre.
(...)
Mas acima é que fica o Purgatório,
Que apresenta também sua comédia
E é ali onde vive a classe média.
Este ponto também tem padecer,
Porém seus habitantes é preciso
Simularem semblantes de prazer,
Transformando a desdita num sorriso.
E agora, meu leitor, nós vamos ver,
Mais além, o bonito Paraíso,
Que progride, floresce e frutifica,
Onde vive gozando a classe rica.
Este é o Éden dos donos do poder,
Onde reina a coroa da potência.
O Purgatório ali tem que render
Homenagem, Triunfo e Obediência.
Vai o Inferno também oferecer
Seu imposto tirado da indigência,
Pois, no mastro tremula, a todo instante,
A bandeira da classe dominante.
(...)
Já mostrei, meu leitor, com realeza,
Pobres, médios e ricos potentados,
Na linguagem sem arte e sem riqueza.
Não são versos com ouro burilados,
São singelos, são simples, sem beleza,
Mas, nos mesmos eu deixo retratados,
Com certeza, verdade e muito siso,
O Purgatório, o Inferno e o Paraíso.[30]


Percebemos nesses trechos de versos, como em muitos outros poemas de Patativa, a valorização da vida, restauração de valores humanitários, da religiosidade e de uma consciência crítica diante da realidade inóspita de nossa sociedade desigual; para além da importância artística e criativa desse poeta do sertão, a universalidade de sua poética se deve certamente ao conteúdo ético presente em seu discurso.

5. Considerações finais
Segundo Alfredo Bosi, a linguagem poética é um dos aspectos da Literatura sobre o qual pesa, ainda mais, o caráter de complexidade e de múltiplas relações de interdependência com o contexto histórico. Segundo ele, a poesia não se integra nos discursos correntes da sociedade[31], permanecendo sob formas estranhas e sobrevivendo mesmo nesse meio hostil; afirma ainda que a poesia pode representar resistência sob variadas formas, seja através de sua forma mítica, de um lirismo de confissão ou de sátira, paródia, utopia.[32]

Bosi supõe vários caminhos de resistência poética, entre os quais o da poesia mítica[33] como aquela que responde ao presente ressacralizando a memória como base da infância recalcada, na qual as figuras da infância e da tradição assumem sentido encantador, proporcionando o reencontro do adulto com o mundo mágico da criança. E, ao deparar-nos com versos de Patativa, como não reconhecê-lo um, também, poeta mítico que proporciona o encontro com o mundo mágico da criança nordestina?[34] Como poesia mítica, a obra de Patativa se enquadra, pois recupera figuras e sons[35], faz-se poesia da natureza e da saudade, revelando o poeta como uma consciência que se volta para aquilo que não é, ainda, consciência[36]; ao falar da natureza, das plantas[37] e dos bichos como o Jumento [38], dos maquinários, das ferramentas[39], de algum pássaro ou outro animal[40], Patativa se mostra um representante dessa poesia mítica, marcada pela resistência ao tempo do domínio e do cálculo no qual vivemos.[41]

Através da definição de poesia sátira, épos revolucionário e poesia utópica[42] propostas também por Alfredo Bosi, é possível analisar e perceber também afinidades com a poética de Patativa do Assaré. Nessa linhagem da poesia, segundo o autor, o modo de resistência preferido é o ataque, no qual o poeta-profeta busca atingir diretamente as circunstâncias de seu momento[43], vivendo uma constante tensão, recusando seu presente e, apresentando através da imagem e do desejo, uma invocação ao futuro aberto de possibilidades.[44] Patativa como poeta-profeta revela em seus versos o agora, de seu tempo, mas move-se na direção do ainda não, como antecipação do novo tempo, de um futuro utópico.[45] No entanto, somente o contexto da obra poética pode ajudar-nos a decifrar se essa crítica- sátira é conservadora ou realmente revolucionária, se essa palavra poética clama ao passado ou ao futuro; e qual a relação proposta entre recusa e utopia.[46]

Segundo Bosi, o lugar de onde se move uma autêntica sátira-crítica constitui-se como um topos negativo, caracterizado pela recusa aos costumes, à linguagem e ao modo de pensar corrente.[47] E, nesse ponto exatamente, como não identificar de imediato a poesia de Patativa como um discurso que ecoa a partir de um topos negativo?; que critica novos costumes e valoriza a moral tradicional, que se coloca numa linguagem totalmente própria e singular como representante de um grupo ou classe definida e que recusa o modo de pensar e agir correntes em seu tempo e crê num novo tempo. Nos diversos poemas de Patativa é possível notar características desse topos negativo, seja ao comentar de modo crítico os costumes modernos, que contrariam a moral tradicional, seja através de sua linguagem matuta, marcada pela oralidade, ou ainda ao criticar diretamente o modo de pensar de seus contemporâneos, através da poesia.

A forma de contestação que transparece na poética de Patativa varia, desde manifestações de uma poesia mítica e de uma sátira crítica, até culminar em uma poesia utópica e profética; relevante para a reflexão a que se propõe esse estudo, no entanto, é considerar que todas essas variantes presentes na obra poética de Patativa traduzem certa resistência através do discurso. Sendo resistência um conceito originariamente ético e não estético, segundo Alfredo Bosi, adotar esse termo exige-nos certa cautela; a resistência na narrativa, segundo Bosi, comumente surge como tema ou como processo inerente à escrita.[48] Em Patativa, a resistência revela-se nos temas, bem como na tessitura da escritura de seus poemas, no uso da linguagem como demonstração e valorização de uma condição de classe. Intuição e desejo fundamentam a arte poética de Patativa sem, entretanto, inibirem a força cognitiva de sua compreensão de mundo e de sua vontade ética, extremamente consciente dos critérios da realidade sertaneja e dos ditames da coerência entre sua condição de sertanejo e de sua libido de poeta. Enfocar os elementos de resistência incutidos na poética de Patativa implica considerar um objeto estético sob aspectos éticos; fruto da libido artística que envolve intuição e desejo a poesia enquanto discurso traduz em si também uma visão de mundo baseada em certos valores e princípios éticos.

Bibliografia
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MENEZES, Adélia Bezerra de. Desenho Mágico: Poesia e política em Chico Buarque. 2ª edição, São Paulo: ATELIÊ EDITORIAL, 2000.

ZUMTHOR, Paul. Performance, recepção, leitura. Tradução de Jerusa Pires Ferreira e Suely Fenerich. São Paulo: EDUC, 2000.

Notas
[*] Mestre em Ciências da Religião pela PUC-SP.

[1] ASSARÉ, Patativa do. Patativa do Assaré: uma voz do Nordeste, 2000.
[2] Signo atribuído ao cantor e intelectual Chico Buarque por MENEZES, Adélia Bezerra de. Desenho Mágico – Poesia e política em Chico Buarque, p.17.
[3] Interessante distinção entre cordel e literatura popular nordestina é elaborada na obra de ABREU, Márcia de. Histórias de cordéis e folhetos, 1999.
[4] Visando compreensão dos conceitos de performance, letra e voz, leitura introdutória da obra de ZUMTHOR, Paul. Performance, recepção, leitura, 2000.
[5] BOSI, Alfredo. O ser e o tempo da poesia, 2000, p.13.
[6] Idem, p.15.
[7] FOUCAULT, Michel. As Palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas, 1999.
[8] BARTHES, Roland. O prazer do texto, 2002.
[9] ABREU, Márcia de. Histórias de cordéis e folhetos, 1999.
[10] Visando ampliação dos conhecimentos a respeito do Cordel e do poeta Patativa, como leitura introdutória, indico as obras:
CARVALHO, Gilmar de. Patativa do Assaré. 3ª ed., Fortaleza: Edições Demócrito Rocha, 2001.
CURRAN, Mark J. História do Brasil em Cordel. 2ª ed., São Paulo: EDUSP, 2003.
DIÉGUES JR, Manuel e outros. Literatura popular em verso: estudos. Belo Horizonte: Itatiaia/São Paulo: EDUSP/Rio de Janeiro: Fundação Casa de Rui Barbosa, 1986
[11] ZUMTHOR, Paul. Performance, recepção, leitura. Trads. Jerusa Pires Ferreira, Suely Fenerich. São Paulo: EDUC, 2000.
[12] Afirmações encontradas no prefácio de Joseph M. Luyten à obra de ASSARÉ, Patativa do. Patativa do Assaré uma voz do nordeste, 2000.
[13] ABREU, Márcia de. Histórias de cordéis e folhetos, p.12.
[14] Idem, p.22-23.
[15] Ibidem, p.46.
[16] Ibidem, p.48.
[17] HELENA, Raimundo Santa. Raimundo Santa Helena, p.30.
[18] Idem, p.31.
[19] ABREU, Márcia de. Histórias de cordéis e folhetos, p.108.
[20] Informações colhidas em diversas de suas biografias, entre as quais no livro de ANDRADE, Cláudio Henrique Sales. Patativa do Assaré: as razões da emoção (capítulos de uma poética sertaneja), 2003, p.25.
[21] CARVALHO, Gilmar de. Patativa do Assaré, p.10.
[22] Idem, p.11
[23] Ibidem, p.13.
[24] Ibidem, p.14.
[25] FEITOSA, Luiz Tadeu. Patativa do Assaré: a trajetória de um canto, 2003, p.100.
[26] ANDRADE, Cláudio Henrique Sales. Patativa do Assaré: as razões da emoção (capítulos de uma poética sertaneja), p.31.
[27] CARVALHO, Gilmar de. Patativa do Assaré. p.14-15.
[28] ASSARÉ, Patativa do. Ispinho e fulô, 1988, p.67.
[29] ASSARÉ, Patativa do. Cante lá, que eu canto cá: filosofia de um trovador nordestino, p.25-29.
[30] ASSARÉ, Patativa do. Cante lá que eu canto cá: Filosofia de um trovador nordestino, pp.43-47.
[31] BOSI, Alfredo. O ser e o tempo da poesia. 6ª ed., São Paulo: Companhia das Letras, 2000, p.165.
[32] Idem, p.166.
[33] Ibidem, p.174.
[34] Ibidem, p.176.
[35] Ibidem, p.179.
[36] Ibidem.
[37] Poemas como “Eu e o Sertão”, “O paraíso do Crato”, “A festa da natureza” e “A terra é Naturá” contidos na obra de ASSARÉ, Patativa do. Cante lá, que eu canto cá: filosofia de um trovador nordestino, 1992.
[38] Poemas como “Meu caro jumento” e “O Burro”, contidos na mesma obra citada anteriormente.
[39] Poemas como “Minha impressão sobre o trem de ferro” e “Minha vingança”, contidos na obra de ASSARÉ, Patativa do. Aqui tem coisa, 2004. E também os poemas “Ingém de Ferro” e “O puxadô de roda”, contidos na obra de ASSARÉ, Patativa do. Cante lá, que eu canto cá: filosofia de um trovador nordestino, 1992.
[40] Poemas como “O Vim-vim”, “O Pica-Pau”, “Vaca Lavandeira”, “O Sabiá e o Gavião”, contidos também na mesma obra.
[41] BOSI, Alfredo. O Ser e o Tempo da poesia, 2000, p.181.
[42] “A sátira e, mais ainda o épos revolucionário são modos de resistir dos que preferem à defesa o ataque. (...) O poeta-profeta que, em vez de voltar as costas e perder-se na evocação de idades de ouro, revela-se e fere no peito a sua circunstância”. BOSI, Alfredo. O Ser e o Tempo da poesia, 2000, p.187.
[43] Poemas como “Menino de rua”, “Melo e meladeira”, “Meu avô tinha razão e a justiça tá errada”, “Reforma agrara é assim”, “O bode de Miguel Boato e o efeito da maconha” contidos na obra de ASSARÉ, Patativa do. Aqui tem coisa, 2004.
[44] BOSI, Alfredo. O Ser e o Tempo da poesia, p.187.
[45] Idem, p.188.
[46] Ibidem, p.189.
[47] Ibidem, p.191.
[48] Ibidem, p.120

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