Chakanagem by Carl Chaka

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Eu sou como você, da espécie humana, sou capaz de errar. O erro não é falha de caráter e errar faz parte da natureza humana. I am like you, of the human species, I am capable to wander. The mistake is not defective of character and to wander is part of the human nature.

20 outubro 2006

Nunca em Amor Danou o Atrevimento
de Luís Vaz de Camões

Nunca em amor danou o atrevimento;
Favorece a Fortuna a ousadia;
Porque sempre a encolhida cobardia
De pedra serve ao livre pensamento.

Quem se eleva ao sublime Firmamento,
A Estrela nele encontra que lhe é guia;
Que o bem que encerra em si a fantasia,
São u'as ilusões que leva o vento.

Abrir-se devem passos à ventura;
Sem si próprio ninguém será ditoso;
Os princípios somente a Sorte os move.

Atrever-se é valor e não loucura;
Perderá por cobarde o venturoso
Que vos vê, se os temores não remove.



Busque Amor Novas Artes, Novo Engenho
de Luís Vaz de Camões

Busque Amor novas artes, novo engenho
Pera matar-me, e novas esquivanças,
Que não pode tirar-me as esperanças,
Que mal me tirará o que eu não tenho.

Olhai de que esperanças me mantenho!
Vede que perigosas seguranças!
Que não temo contrastes nem mudanças,
Andando em bravo mar, perdido o lenho.

Mas, enquanto não pode haver desgosto
Onde esperança falta, lá me esconde
Amor um mal, que mata e não se vê,

Que dias há que na alma me tem posto
Um não sei quê, que nasce não sei onde,
Vem não sei como e dói não sei porquê.

Ah... Se Sesse
de Zé da Luz

Se um dia nós se gostasse
Se um dia nós se queresse
Se um dia nós se empareasse
Se juntim nós dois vivesse
Se juntim nós dois morasse
Se juntim nós dois drumisse
Se juntim nós dois morresse
Se pro céu nós assubisse
Mas porém se acontecesse
De São Pedro não abrisse
A porta do céu
E fosse de dizer qualquer tolice.

E se eu me arreliasse
E tu cum eu insistisse
Pra que eu me arresorvesse
E a minha faca puxasse
E o bucho do céu furasse
Tarvez que nós dois ficasse
Tarvez que nós dois caisse
E o céu furado arriasse
E as virge toda fugisse

Vou-me Embora Pro Passado * (ouça - mp3 - 10Mb)
Jessier Quirino (prosa morena)
(Poema inspirado na leitura do livro Memorial de Marco Polo Guimarães, Edições Bagaço; em conversa antiga; e em outros poemas meus.)

Vou-me embora pro passado
Lá sou amigo do rei
Lá tem coisas "daqui, ó!"
Roy Rogers, Buc Jones
Rock Lane, Dóris Day
Vou-me embora pro passado.

Vou-me embora pro passado
Porque lá, é outro astral
Lá tem carros Vemaguet
Jeep Willes, Maverick
Tem Gordine, tem Buick
Tem Candango e tem Rural.

Lá dançarei Twist
Hully-Gully, Iê-iê-iê
Lá é uma brasa mora!
Só você vendo pra crê
Assistirei Rim Tim Tim
Ou mesmo Jinne é um Gênio
Vestirei calças de Nycron
Faroeste ou Durabem
Tecidos sanforizados
Tergal, Percal e Banlon
Verei lances de anágua
Combinação, califon
Escutarei Al Di Lá
Dominiqui Niqui Niqui
Me fartarei de Grapette
Na farra dos piqueniques
Vou-me embora pro passado.

No passado tem Jerônimo
Aquele Herói do Sertão
Tem Coronel Ludugero
Com Otrope em discussão
Tem passeio de Lambreta
De Vespa, de Berlineta
Marinete e Lotação.

Quando toca Pata Pata
Cantam a versão musical
"Tá Com a Pulga na Cueca"
E dançam a música sapeca
Ô Papa Hum Mau Mau
Tem a turma prafrentex
Cantando Banho de Lua
Tem bundeira e piniqueira
Dando sopa pela rua
Vou-me embora pro passado.

Vou-me embora pro passado
Que o passado é bom demais!
Lá tem meninas "quebrando"
Ao cruzar com um rapaz
Elas cheiram a Pó de Arroz
Da Cachemere Bouquet
Coty ou Royal Briar
Colocam Rouge e Laquê
English Lavanda Atkinsons
Ou Helena Robinstein
Saem de saia plissada
Ou de vestido Tubinho
Com jeitinho encabulado
Flertando bem de fininho.

E lá no cinema Rex
Se vê broto a namorar
De mão dada com o guri
Com vestido de organdi
Com gola de tafetá.

Os homens lá do passado
Só andam tudo tinindo
De linho Diagonal
Camisas Lunfor, a tal
Sapato Clark de cromo
Ou Passo-Doble esportivo
Ou Fox do bico fino
De camisas Volta ao Mundo
Caneta Shafers no bolso
Ou Parker 51
Só cheirando a Áqua Velva
A sabonete Gessy
Ou Lifebouy, Eucalol
E junto com o espelhinho
Pente Pantera ou Flamengo
E uma trunfinha no quengo
Cintilante como o sol.

Vou-me embora pro passado
Lá tem tudo que há de bom!
Os mais velhos inda usam
Sapatos branco e marrom
E chapéu de aba larga
Ramenzone ou Cury Luxo
Ouvindo Besame Mucho
Solfejando a meio tom.

No passado é outra história!
Outra civilização...
Tem Alvarenga e Ranchinho
Tem Jararaca e Ratinho
Aprontando a gozação
Tem assustado à Vermuth
Ao som de Valdir Calmon
Tem Long-Play da Mocambo
Mas Rosenblit é o bom
Tem Albertinho Limonta
Tem também Mamãe Dolores
Marcelino Pão e Vinho
Tem Bat Masterson, tem Lesse
Túnel do Tempo, tem Zorro
Não se vê tantos horrores.

Lá no passado tem corso
Lança perfume Rodouro
Geladeira Kelvinator
Tem rádio com olho mágico
ABC a voz de ouro
Se ouve Carlos Galhardo
Em Audições Musicais
Piano ao cair da tarde
Cancioneiro de Sucesso
Tem também Repórter Esso
Com notícias atuais.

Tem petisqueiro e bufê
Junto à mesa de jantar
Tem bisquit e bibelô
Tem louça de toda cor
Bule de ágata, alguidar
Se brinca de cabra cega
De drama, de garrafão
Camoniboi, balinheira
De rolimã na ladeira
De rasteira e de pinhão.

Lá, também tem radiola
De madeira e baquelita
Lá se faz caligrafia
Pra modelar a escrita
Se estuda a tabuada
De Teobaldo Miranda
Ou na Cartilha do Povo
Lendo Vovô Viu o Ovo
E a palmatória é quem manda.

Tem na revista O Cruzeiro
A beleza feminina
Tem misse botando banca
Com seu maiô de elanca
O famoso Catalina
Tem cigarros Yolanda
Continental e Astória
Tem o Conga Sete Vidas
Tem brilhantina Glostora
Escovas Tek, Frisante
Relógio Eterna Matic
Com 24 rubis
Pontual a toda hora.

Se ouve página sonora
Na voz de Angela Maria
"- Será que sou feia?
- Não é não senhor!
- Então eu sou linda?
- Você é um amor!..."

Quando não querem a paquera
Mulheres falam: "Passando,
Que é pra não enganchar!"
"Achou ruim dê um jeitim!"
"Pise na flor e amasse!"
E AI e POFE! e quizila
Mas o homem não cochila
Passa o pano com o olhar
Se ela toma Postafen
Que é pra bunda aumentar
Ele empina o polegar
Faz sinal de "tudo X"
E sai dizendo "Ô Maré!
Todo boy, mancando o pé
Insistindo em conquistar.

No passado tem remédio
Pra quando se precisar
Lá tem Doutor de família
Que tem prazer de curar
Lá tem Água Rubinat
Mel Poejo e Asmapan
Bromil e Capivarol
Arnica, Phimatosan
Regulador Xavier
Tem Saúde da Mulher
Tem Aguardente Alemã
Tem também Capiloton
Pentid e Terebentina
Xarope de Limão Brabo
Píluas de Vida do Dr. Ross
Tem também aqui pra nós
Uma tal Robusterina
A saúde feminina.

Vou-me embora pro passado
Pra não viver sufocado
Pra não morrer poluído
Pra não morar enjaulado
Lá não se vê violência
Nem droga nem tanto mau
Não se vê tanto barulho
Nem asfalto nem entulho
No passado é outro astral
Se eu tiver qualquer saudade
Escreverei pro presente
E quando eu estiver cansado
Da jornada, do batente
Terei uma cama Patente
Daquelas do selo azul
Num quarto calmo e seguro
Onde ali descansarei
Lá sou amigo do rei
Lá, tem muito mais futuro
Vou-me embora pro passado.

Uma Paixão Pra Santinha * (ouça - mp3 - 3Mb)
Jessier Quirino (prosa morena)

Xanduca de Mané Gago
Tinha querença mais eu
Me vestia de abraço
Bucanhava os beiço meu
Era aquele tirinete
Parecia dois colchete
Eu in nela e ela in nêu.

No apolegar das tetas
Nos chamego penerado
Nas misturação das perna
Nos cafuné do molengado
Nos beijo mastigadinho
Nos açoite de carinho
Nós era bem escolado.

Era aquele tudo um pouco
Era aquela amoridade
Mas faltava na verdade
Sensação de friviôco
Um querer, uma pujança
Daquela que dá sustança
Na homencia do cabôco.

No dia que`u vi Santinha
Sobrinha do sacristão
O bangalô do meu peito
Se enfeitou feito um pavão
Foi quando esqueci Xanduca
Sem mágoa sem discussão
Pois vimos que nós só tinha
Uma paixãozinha mixa
Uma jogada de ficha
Uma piola de paixão.

Santinha é a indivídua
Que misturou meu pensar
Que me deixou friviando
Sem nem sequer me olhar

Matutinha aprincesada
Mulher de voz aflautada
Olhosa de se olhar
Fulô de beleza fina
É a tipa da menina
Que se deseja encontrar.

Mas Santinha é quase santa
Nem percebe o meu amor
Não tem na boca um pecado
Tem o beicinho encarnado
Pintado a lápis de cor
Só tem olhos pra bondade
Mas não faz a caridade
De enxergar um pecador.

Ah! se eu fosse um monsenhor
Um padre, um frei, um vigário
Eu achucalhava os sino
De riba do campanário
Eu abria o novenário
Eu enfeitava um andor
Botava ela impezinha
Feito uma santa rainha
Padroeira dos amor.

Arranjava um pedestal
Um altar um relicário
Chamava todas carola
Chamava todo igrejário
E dizia em toda altura
Com voz de missionário:

Oh! minha santa Santinha!
Tire este manto celeste
Saia deste relicário
Olhe pra mim e garanta
Que vai deixar de ser santa
Que`u deixo de ser vigário!

Parafuso de Cabo de Serrote * (ouça - mp3 - 4Mb)
Jessier Quirino (Prosa Morena)

Tem uma placa de Fanta encardida
A bodega da rua enladeirada
Meia dúzia de portas arqueadas
E uma grande ingazeira na esquina
A ladeira pra frente se declina
E a calçada vai reta nivelada
Forma palmos de altura de calçada
Que nos dias de feira o bodegueiro
Faz comércio rasteiro e barateiro
Num assoalho de lona amarelada.

Se espalha uma colcha de mangalho:
É cabestro, é cangalha e é peixeira
Urupema, pilão, desnatadeira
Candeeiro, cabaço e armador
Enxadeco, fueiro, e amolador
Alpercata, chicote e landuá
Arataca, bisaco e alguidar
Pé de cabra, chocalho e dobradiça
Se olhar duma vez dá uma doidiça
Que é capaz do matuto se endoidar.

É bodega pequena cor de gis
Sortimento surtindo grande efeito
Meia dúzia de frascos de confeito
Carrossel de açúcar dos guris
Querosene se encontra nos barris
Onde a gata amamenta a gataiada
Sacaria de boca arregaçada
Gargarejo de milhos e farelos
Dois ou três tamboretes em flagelo
Pro conforto de toda freguesada.

No balcão de madeira descascada
Duas torres de vidro são vitrines
A de cá mais parece um magazine
Com perfume e cartelas de Gillete
Brilhantina safada, canivete
Sabonete, batom... tudo entrempado
Filizolla balança bem ao lado
Seus dois pratos com pesos reluzentes
Dá justeza de peso a toda gente
Convencendo o freguês desconfiado.

A Segunda vitrine é de pão doce
É tareco, siquilho e cocorote
Broa, solda, bolacha de pacote
Bolo fofo e jaú esfarofado
Um porrete serrado e lapidado
Faz o peso prum março de papel
Se embrulha de tudo a granel
E por dentro se encontra uma gaveta
Donde desembainha-se a caderneta
Do freguês pagador e mais fiel.

Prateleiras são tábuas enjanbradas
Com um caibro servindo de escora
Tem também não sei qual Nossa Senhora
Com um jarrinho de louça bem do lado
Um trapézio de flandres areados
Um jirau com manteiga de latão
Encostado ao lado do balcão
Um caneiro embicando uma lapada
Passa as costas da mão pelas beiçadas
Se apruma e sai dando trupicão.

Tem cabides de copos pendurados
E um curral de cachaça e de conhaque
Logo ao lado se vê carne de charque
Tira gosto dos goles caneados
Pelotões de garrafas bem fardados
Nas paredes e dentro dos caixotes
Tem rodilha de fumo dando um bote
E um trinchete enfiado num sabão
Bodegueiro despacha a um artesão
Parafuso de cabo de serrote.

17 outubro 2006

Prosa Morena

Jessier Quirino

Comício de Beco Estreito * (ouça - mp3 - 3Mb)
Do Livro:
"Prosa Morena"






Pra se fazer um comício
Em tempo de eleição
Não carece de arrodei
Nem dinheiro muito não
Basta um F-4000
Ou qualquer mei caminhão
Entalado em beco estreito
E um bandeirado má feito
Cruzando em dez posição.

Um locutor tabacudo
De converseiro comprido
Uns alto-falante rouco
Que espalhe o alarido
Microfone com flanela
Ou vermelha ou amarela
Conforme a cor do partido.

Uma gambiarra véa
Banguela no acender
Quatro faixa de bramante
Escrito qualquer dizer
Dois pistom e um taró
Pode até ficar melhor
Uma torcida pra torcer.

Aí é subir pra riba
Meia dúzia de corruto
Quatro babão cinco puta
Uns oito capanga bruto
E acunhar na promessa
E a pisadinha e essa:
Três promessa por minuto.

Anunciar a chegança
Do corruto ganhador
Pedir o "V" da vitória
Dos dedo dos eleitor
E mandar que os vira-lata
Do bojo da passeata
Traga o home no andor.

Protegendo o monossílabo
De dedada e beliscão
À cavalo na cacunda
Chega o dono da eleição
Faz boca de fechecler
E nesse qué-ré-qué-qué
Vez por outra um foguetão.

Com voz de vento encanado
Com o VIVA dos babão
É só dizer que é mentira
Sua fama de ladrão
Falar do roubo dos home
Prometer o fim da fome
E tá ganha a eleição.

E terminada a campanha
Faturada a votação
Foda-se povo, pistom
Foda-se caminhão
Promessa, meta e programa...
É só mergulhar na brahma
E curtir a posição.

Sendo um cabra despachudo
De politiquice quente
Batedorzão de carteira
Vigaristão competente
É só mandar pros otário
A foto num calendário
Bem família, bem decente:

Ele, um diabo sério, honrado
Ela, uma diaba influente
Bem vestido e bem posado
Até parecendo gente
Carregando a tiracolo
Sem pose, sem protocolo
Um diabozinho inocente.


**************

Zé Qualquer e Chica Boa * (ouça - mp3 - 5Mb)

Empurra a cancela Zé
Abre o curral da verdade
Pra mostrar pra mocidade
Como é que vive um Zé
Sem um conforto sequer
Com sua latas furadas
E a cacimba tão distante
Um Zé arame farpante
Feito de gente e de fé.

O Zé que se aprisiona
Aos cacos velhos da enxada
Que nasce herdeiro do nada
E qualquer lado é seu caminho
Medalhas, são seus espinhos
Quedas de bois são batalhas
Seus braços, duas cangalhas
De taipa e barro é seu ninho.

O Zé metido em gibão
Numa besta atrás dum boi
Por entre as juremas pretas
Por onde o bicho se foi
A poder de grito e ois
Peitando graveto torto
Um dos três vai sair morto
Ou ele, a besta ou o boi.

É cabôco elefantado
Que não tem medo de cruz
Que fita o sol faiscando
Dez mil peixeiras de luz
O Zé que assim se conduz
Nas brenhas deste sertão
O Zé Ninguém, Zé Qualquer
Mas o Qualquer desse Zé
Não é qualquer qualquer não.

É um Qualquer niquelado
Acabestrado num Zé
Não é Zé pra qualquer nome
Nem Qualquer pra qualquer Zé
Diante desses apois
Eu vou dizer quem tu sois
Pode escrever se quiser:

Sois argumento de foice
Sois riacho correntoso
Tu sois carquejo espinhoso
Sois calo de coronel
Sois cor de barro a granel
Sois couro bom que não mofa
Sois um doutor sem farofa
Sem soqueira de anel.

Sois umbuzeiro de estrada
Sois ninho de carcará
Sois folha seca, sois galho
Sois fulô de se cheirar
Sois fruto doce e azedo
Sois raiz que logo cedo
Quer terra pra se enfiar.

No inverno sois caçote
Espelho de céu no chão
Chorrochochó de biqueira
Espuma de cachoeira
Sois lodo, sois timbungão
Sois nuvem quebrando a barra
Violino de cigarra
Afinando a chiação.

Sois bafo de cuscuzeira
Sois caldo de milho quente
Sois a canjica do milho
Sois milho pessoalmente
Tu sois forte no batente
Tu sois como milho assado
Se não for bem mastigado
Sai inteirinho da gente

Tu desarruma as tristezas
Caçando uma risadinha
Sois doido, doido tu sois
Tu sois um baião-de-dois
Tu sois pirão de farinha
Sois bruto que se ameiga
No amor tu sois manteiga
Numa creamecrackerzinha.

Sois um Zé Qualquer do mato
Provador de amargor
Tu sois urro, sois maciço
Devoto do padre Ciço
Sois matuto rezador
O Zé Qualquer em pessoa
Marido de Chica Boa
O teu verdadeiro amor.

É Francisca Caliméria
Feliciana Qualquer
Chica Boa é apelido
Pode chamar quem quiser
Mas digo as outras pessoas
Não digam que Chica "É" boa
O cabra que assim caçoa
Vê direitim quem é Zé.

Agruras da Lata D'água

Jessier Quirino


A Diz Puta Eleitoral

Quando o Coronel Eurico Rosado da Rocha Lisboa chamou o seu protegido para um conversatório particuloso, já estava de festa em dança no juízo, e se rindo de contente. Aquele, era o vivente mais ajuramentado em débito de favor, desbocado e caceteiro e foi realmente o escolhido. No vagão central do alpendre, fez uma recepção sem hem-hem-hem e sem noves-fora e foi logo dizendo:

- Nego Foda, o senhor vai ser candidato nesta eleição, Tá me entendendo?

Ao ser chamado de Nego Foda - apelido que detestava - Biu das Quenga ficou roxo, deu-lhe uma engrossadura de língua, um intestinamento de barriga e só não mandou o Coronel tomar no centroma, por se tratar de um Rosado
Lisboa que não era pouca merda naquelas pastagens. Sem entender direito e engolindo uma carrada de desaforo indagou:

- Eu Coroné Rosado?

- Sim senhor, é senhor mesmo. Não esqueça que o senhor me deve uma soltura de cadeia, de onde nunca sairia! Agora chegou a hora do pagamento.

- Mas Coroné! eu não sou letrejado de ensino, tenho andado mais duro do que santo em procissão e não tenho um pingo, um pinguinho sequer de sintoma prefeituroso!

- Não é para prefeito, é candidato a deputado, que também não precisa nada de letrejamento nem desses sintomas
todo! eu disse que vai ser CAN-DI-DA-TO! não vai ganhar eleição coisíssima nenhuma! Só precisa atacar amundiçadamente o prefeito Mané Jipinho, que vai concorrer comigo, se apoderar dos votos dele, enquanto eu me reelejo pra lhe manter fora da cadeia, ENTENDEU?

- Olhe coroné! Como eu sou um cabra vivido e espromentado nas beira de postulança political, eu vou lhe dizer um retalho de sabença, que é a pronunça mais apronunciada sobre política, que inxeste nesse mundaréu selvageado pelos animá, vegetariado e barrido pelas palha dos coqueiro e aguado pelas onda do mar: Além de sintoma prefeituroso, embocadura deputadal, cancha pra governador e senador e sustança de presidente, o cabra pra ser político no Brasil, precisa no mini-minimóro dos seguintes adjutórios:
Começar a juntar dinheiro, pra depois começar a juntar gente; engolir muita rimunheta de cabra falso, felaputista e pidão; desatar nó-cego de convenção; escutar caquiado dificultoso de partidário que só tem um voto e olhe lá; entrar em embuança de campanha; prometer como sem falta e faltar como sem dúvida; ficar refém da língua do povo; pegar roleta de boca com camumbembe; fazer conchavo com reservista da ditadura; desgaviar o caminho mode os quixó da oposição; receitar pra má-de-monte; desmurmurar mulher falsa e coiseira; acompanhar inrrolamento de papé-de-justiça; levar fama de ter esfrabicado moça donzela; levar fama de ser corno, baitola e ladrão; agüentar fazimento de pouco de eleitor desbriado; botar tamanca pra opositor bom de peia; bater quinhento de bombo com xangozeiro; gritar aleluia em igreja Pegue & Pague; alegrar sessão espírita; assistir meia missa e sair comungado; batizar menino feio com o nome de Dysmeniélisson Jerry; dar dicomer do bom e comer porcaria; almoçar em lata de goiabada; despronunciar discurso má-feito de candidato tabacudo; aplaudir discurso desvirgulado, sem rumo e sem ponto final; cair do palanque e sair todo ralado e se abrindo; aturar converseiro duplicado mesmo depois de banzeiro; aturar gente furona e desconhecida dentro de casa; viver rindo e fumaçando pelo fundo, feito ferro de engomar; acabar sua D-vintezinha na buraqueira; aturar babões civis e militares; botar no braço menino novo do fundo cagado; tomar cerveja quente de espuma murcha; tomar uísque Drury's sem gelo, numa xícara de louça com tira-gosto de canjica; beber naquelas mesona de imbuia, numa saleta escura e abafada, encostado numa cristaleira, e cercado de cabos eleitorais com cada sovaqueira de torar; entregar taça de campeão a time safado; chorar em velório de desconhecido; escrever bilhete com lápis de ponta quebrada; professorar as iniciais do nome de campanha pra eleitor tapado; escorregar em lama de esgoto; gritar ô-de-casa em casa oca; se abrir pra eleitor desabrido; pagar cana pra pinguço desocupado; farejar poeira de bunda em palanque; levar dedada no cá-pra-nós quando está nos braços do povo; escutar destampatório de foguetão no pé do ouvido; magoar o dedo mindim em passeata; dormir chiqueirado da mulher e dos filho; apertar mão de cotó; ganhar abraço fedorento; receitar caixão de defunto e ambulânça; enfiar a mão em saco de dentadura pra distribuir com a mundiça; comprar votos em dia de eleição; estelionatar voto em boca de urna; entrar em embuança de apuração; dar cobro de voto roubado; apertar mão de traidor oportunista, e depois de eleito começar essa camumbembage toda de novo... DEUS O LIVE d'eu sair candidato! Chega me faltou suspiração... E eu vou epilogar por aqui, porque conversa de política é feito coceira, só quer um pezim Coroné!
- Peraí, peraí, paraí ...calma, seu Nego Foda! (ele DETESTAVA este apelido) Se num quer mofar a vida toda na cadeia, trate de assinar logo aqui esses papeis! - Exclamou o Coronel em voz pausada - É a papelada da candidatura. O senhor vai sair candidato com seu nome verdadeiro: SEVERINO DO RAMO que é nome de santo atochado de poder, e agora é que eu quero ver sua milagrura!

Assim, de livre e espontânea pressão, Biu das Quenga se atirou na campanha deixando praticamente de lado seus múltiplos afazeres de agricultor, cachaceiro poeta cantador e assessor de putaria do Cabaré de Luzia Manca, de quem era mancebo, sócio e confidente. Pelo seu desembaraço na assessoria putística, ganhou o carinhoso apelido de Biu das Quenga. Só uma coisa lhe agradava nessa história do Coronel: Era ver o "lado bom" de seu verdadeiro nome estampado nas paredes. Chamava-se Severino Degradável do Ramo. Severino do Ramo era o nome do avô, e o Degradável, seu pai havia tirado da embalagem de um detergente onde se lia biodegradável, que estava a um pulo de grilo do nome do filho. O apelido de Nego Foda - que só ouvia muito a contra gosto da boca do coronel - ganhou na penitenciária quando foi condenado a 453 anos de prisão por ter estourado um garrafão de água mineral - cheio - na cabeça de um senador de quem era motorista em Brasília, que no rastro da garrafãozada, passou quatro anos sem exercer o mandato e sem beber água mineral. O atentado ao senador foi o passaporte para o Coronel Eurico Rosado, na qualidade de suplente, botar o pezão corrupto na política, de onde nunca mais saiu. Julgado e condenado, Biu das Quenga cumpriu cinco anos de xilindró e só saiu por obra e graça do mesmo Coronel, líder político do município de Brasilzim de Dentro e do distrito de Vila Teimosa.
Cumprindo ordens do Coronel, emburacou na tal "politicura desaforada" e no forno da campanha, tratou de denegrir a imagem do ex-prefeito Mané Jipinho, que no passado foi o responsável por sua prisão ao denunciar às autoridades suas andanças na cidade, obedecendo o mandado da mulher que vivia fogueteando com os políticos em Brasília. Em praça pública certa vez insultou:

- Povo de Brasilzim de Dentro! O meu adversário Mané Jipinho, de jipe só tem o nome! Não tem lataria, não tem pára-choque e só anda em prise nas estradas da cornura! O par de chifre que véve monumentado no seu micoco, é matéria prima pra fazer uns quarenta time de botão, uns cento e cinquenta pente de cabo comprido, e as base grossa e maciça dá pra fazer uns quatro cabo de guarda chuva! Mané Jipinho meus senhores! numa festa de corno, fica mais animado do que petista em dia de greve! Mané Jipinho, meus senhores, quer se eleger pra sustentar os capricho daquela lambisgóia com o dinheiro da nação! Mas nem o dinheiro da Alemanha, por mais Italiano que seja na sustança e na robustura das bolsas mundievais, servindo de fundo pras despesas luxentas daquela Primeira Dama, é dinheiro que só se ver muito avexadamente! Aquela primeirona adamada minha senhora, quando sai depois da Voz do Brasil, é mais arrumada do que casa que não tem menino! Sai com uma saia mais curta do que escada de tirar maxixe, com um andar mais macio do que bosta de abacate, e com os beiço brilhando mais do que espinhaço de pão doce! Aquela bicha, anda mais pintada do que carroceria de mercede, mais aberta do que porta de funerária e com o olhar mais enxerido do que chuveiro de bidé! Aquilo é feito saguim do brejo, véve pulando de pau em pau, e é mais quente do que sopa de rodoviária! Aquilo é mais atraída por macho, do que sapo por olho de cobra! Numa saída dessas minha senhora! ela goza mais do que tocador de jazz! Aquilo na rua, é mais esperta do que freguesa em tabuleiro de retalho, e em casa é mais enjoada do que uma sapatão menstruada! Por isso meus amigo! aquele Mané não pode nem sequer se descuidar fazendo campanha muito menos representando o povo na assembléia congressosa que governa esta nação! Quem véve com mulher macheira, é mesmo que atucaiar leite fervendo: tucaia, tucaia, tucaia... descuidou uma coisinha... pou! derrama, e é aquele istrupiço da gota serena!

Esse Mané atuleimado coitado, gordo que nem cururú de goteira, fica cochilando que nem bêbo em fim de tarde e acorda mais triste do que comércio fechado! A vitória de Mané Jipinho meus amigo! é mais difícil do que cagar de macacão, sua campanha está mais emperrada do que janela de lotação e mais desorientada do que cotôco de rabo de lagatixa torado! Ele diz meus amigo, que vai trabalhar por Brasilzim de Dentro! Mas trabalho na vida desse Mané, é mais raro do que bailarina dos peitão! Aquilo pra trabalhar, faz mais pantim do que pai-de-santo em macumba de rico! Encontrar esse homem trabalhando é mais difícil do que encontrar um fí de rapariga com o nome de Júnior! Precisar da proteção dele no congresso é mesmo que dormir com lençol curto em casa mal-assombrada! Estadualisar uma deputança nas mão de Mané Jipinho meus amigo! é mermo que botar bordado e renda em caçola de mulher séria e recatada!

É por isso que eu peço meus senhores, que se adicida a votar in nêu! Peço e ao mesmo tempo despeço, porque acho que não sou o único merecedor do seu voto! Eu só peço meus amigo, que não vote em Mané Jipinho, que quer ver o esqueletamento de minha candidatura, arrebolando de mundo abaixo o meu passado de penitenciária! Eu quero dizer a vocês! que nada disso abala o meu catálogo político na democradura brasileira! Os meus outroras de condenado, não só me "vai e desce", como me detergenta e me agirafa! Me agirafa muito além das altura, onde asa de morcego não galopa, onde não chega esputinique da NASA e nem cometa luminoso adisparado pelos Russo comunista! Só quem chega nessas altura meus amigo! é a bala pontariosa da poesia e a brancura da honestidade que herdei do finado meu avô BIU RAMO CANTADOR o maior poeta de Vila Teimosa e dessas redondura de Nordeste sofrido e calejado! Eu só fui preso meus amigo! porque não sube atulerar fazimento de pouco de político da qualidade de Mané Jipinho cujo mandato, faz tanta falta quanto uma radiola em boca de cemitério!

Com sua oratória matuto-político-camumbembal, Biu das Quenga foi conseguindo atrair até criancinha de oposição, e aos poucos foi avessando a casaca de eleitor acabestrado não só com Mané Jipinho, mas também com o Coronel e demais políticos de Brasilzim de Dentro e Vila Teimosa. Mas foi o tiro de misericórdia aplicado em Mané Jipinho que disparou sua campanha. Com poesias feitas de próprio punho, meteu o sarrafo, caluniou o concorrente, além de divertir e atrair a atenção do povo para seu palanque. Com a ajuda de Luzia Manca que tirou as digitais matutas para melhor expressar a suposta fala do prefeito, soltou o falso, PENSAMENTO DE MANÉ JIPINHO, como sendo o proibido discurso de posse do concorrente quando eleito prefeito de Brasilzim de Dentro, onde se lia o poema com o mote de um poeta Potiguar Sempre Foi Meu Desejo Comer o Cu Desse Povo:

Adaptação do mote de Augusto Macedo

Assim que saio eleito
No fim duma apuração
Me dá muito mais tesão
Por o povo ter-me aceito
Se fui eleito prefeito
Com o voto deles de novo
Eu pago com um par de ovo
Um taco duro e gracejo:
Que sempre foi meu desejo
Comer o cu desse povo...

...Vou me mantendo fiel
A este povo bundeiro
Sou político verdadeiro
Neste país de bordel
E desta lua de mel
Sei que jamais me demovo
E sendo eleito de novo
Como em grosso e varejo
Pois sempre foi meu desejo
Comer o cu desse povo.

Com o poema auto-falanteado no meio da feira pelos cordelistas de plantão, o povo ficou que nem romeiro em cima de Padre Cícero atrás de um folheto. Nesse dia, a feira de Brasilzim, assistiu ao maior engarrafamento de balaio que se teve notícia na história recente do país. Mané Jipinho ferveu o radiador, queimou a junta do tampão, entupiu o cano de escape e teve um entronchamento de boca tão desbalanceado que foi preciso interromper a campanha com problema de frouxura e derramamento de palavra, trimilique labial e uma baba que cachoeirava de queixo a baixo, pior do que boi pastando. Até os juizes da Justiça Eleitoral fizeram vista grossa para o processo de calunia, com pena de interromper uma campanha que arrancava de forma tão inusitada.

A ordem de interrupção veio porém da boca fumívora do Coronel Eurico Rosado, que depois de encomendar uma pesquisa sentiu que o feitiço tinha manobrado e vinha acelerado em sua direção.

A pesquisa dava larga vantagem 72% para Severino do Ramo, 19% para Eurico Rosado e 9% para os demais, inclusive Mané Jipinho, que enrolado na cornura asseverada por Biu das Quenga, e na poesia do falso discurso, não conseguiu desentronchar a boca nem fazer um único discurso desmentindo o espalhado. Como único consolo, ouviu de um vereador a expressão animadora:

- Deixá-los falá-los que eles calarão-se-ão e a gente arranjará-se! Jipinho não pára no atoleiro!

Para dar uma acabancia na euforia do povo e reverter o quadro, o Coronel mandou a Biu das Quenga, por seus capangas, a ordem de murchar a campanha loguinho loguinho, e que a estratégia dos versos fosse usada recomendando o seu nome. Como o poeta recusou de cara a proposta do coronel, surgiu um racha entre os dois da largura dum rio cheio. Indignado, Biu das Quenga saiu voando nas pontas dos dedos, de má sombra, alpercateou o alpendre do coronel e falando de poleiro atacou:

- É Coroné! Eu sei que o senhor é baludo, amarombado de poder e que, de mamando a caducando o senhor é quem dá as ordens de viver, morrer, comer, cagar e dormir por essas banda, dentro dos seus conformes! Mas agora eu vou descaroçar um assunto a respeito do seu, de uma vezada só! Se gostou gostou, se não gostou coma menos! e não venha tentar me engolir porque eu abro os braço e não entro: Saiba o senhor que eu sou cabôco de primeira apanha, e sou agradecido de minha soltura, dêreitamente como deve ser! mas me fazer de papangu na frente do povo o senhor não faz não! Se o senhor tem cabelo na venta, eu tenho pelo no coração! Brigar, eu não vou brigar, porque brigar com o senhor é mesmo que vadiar com terra, mas num ano de seca como esse, de muito chocalho e pouco pescoço, eu não vou deixar o senhor entrar de rédea frouxa nas cana dos deputado não senhor. Antes fanhoso que sem venta! Pra vaga de deputado eu também sou candidato ENTENDEU?

O coronel cresceu pra cima do matuto, que encarou o crescido com um inchar de alpercata do mesmo quilate. Sentindo a ponta de uma lambedeira de catorze polegadas alfinetar e seu terno branco, teve que bochechar e engolir o primeiro desaforo da vida. Em seguida, com distancia de uma braça, abriu a blusa da porta, enfiou corpão banhudo pela janela em tempo de arrancar os alisás e pegou lá dentro de casa um envelope graúdo e amarelo. Com dentes de cachorro abriu um rasgo na beira e tirou um papel falado de cima a baixo, carimbado e reconhecido em cartório. Era o documento de renúncia à candidatura de deputado já assinado por Severino do Ramo. Em seguida, elasticando o suspensório e assanhando o bigode caceteou:

- É seu Nego Foda! Infelizmente o senhor já renunciou à candidatura!

Biu das Quenga foi tomando a cor do nambú, sentiu a engrossadura de língua, o intestinamento de barriga e baixou a matéria pra cima do Coronel:

- Prêmeiramente, Nego Foda é a puta que o pariu! Seu coronezim varejado duma figa! Ladrão de cegar coruja, robador de leite de menino, usuráve calculista! Eu tou vendo que o senhor é mais egoísta do que buraco de funil! Mas fique sabendo que o senhor só é graduado mesmo é em filosofia da bufa! Tá pensando que hai home mais home do que outro home? Arrepare num espelho que coronezim da qualidade do senhor, é como circo, de beira de estrada só tem mermo a armação, e a ponta da minha pajeuzeira entra mais fácil do que trinchete em melancia! Se quiser encarar pode vir que eu agüento o canjirão! E segundamente, não hái dois altos sem uma baixa no meio! Sabendo que tipo de coroné é o Coroné, eu tratei de somar meus precavidos e registrei a candidatura de minha mulher Luzia Manca, que já pintou as faixa de campanha, só tava esperando o senhor findalizar a safadeza! Pode se preparar pra campanha quente, que de agora em vante o senhor vai ser mais pisado do que direito de pobre!

Botou o chapéu na cabeça, segurou as rédeas do seu cavalo e com o pé no estribo, Pedro Primeiramente bradou:

- DEPUTADURA OU MORTE!!!

* * * * * * * * * * * *

O Estreito da Galheira ficou ainda mais estreito para caber tanta gente. Na frente do velho sobrado uma placa velha de ágate branca e letras azuis enfeitada de luzes vermelhas identificava: CABARÉ - SOFRIDO SONHO DE LUZIA. Ao lado, uma nova placa, moderna e bem legível foi elevada ao som do Hino das Prostitutas - O desprezo que tua mãe me deu- com os dizeres: COMITÊ CENTRAL DA FUDENE - Fudedeiras Desenvolvendo o Nordeste. Em cima dum caminhão Biu das Quenga abria oficialmente a campanha pedindo a todo eleitorado, para com o seu apoio, eleger sua mulher Luzia Manca Deputada Estadual. Quando se referia a mulher sempre frisava que era parida, mamadeirada, soletrada, e viajada na grã-finura, só caindo no gramado aos dezenove anos depois de um desgosto amoroso. Portanto mais apetrechada de que ele, na sabença e na palavra, para representar o povo de Brasilzim de Dentro e Vila Teimosa. No decorrer do discurso inaugural em certo momento falou:

- ...Foi por isso meus senhores! que eu tive que abandonar minha campanha, me livrando também daquele Coroné agalochado em roubo de esticão! Aquele virador de casaca, que cagou na palmilha do sapato do bispo, meus senhores! além de neolítico, paleolítico e ordinário, é capaz de botar um "cerca-lourenço" no povo e matar tudo de fome! Mais foi até bom meus amigo! eu me livrar daquela lacraia porque só quem acompanha o Coroné Eurico Rosado é aquela hemorróida braba de 500 anos. Agora meus amigo! nós vamos eleger Luzia Manca, com a ajuda de vocês e dos santos descedor das altura! inclusive Clementina de Jesus e Santa Paciência! Só não vem mesmo pro nosso palanque, o glorioso São Sebastião porque se encontra amarrado, mas mesmo assim vai mandar um representante! Votando em Luzia Manca meus amigo! vocês estão votando numa mulher que é danada pra achar doce onde só se ver amargura! ...

Para demonstrar que não existia conchavo político com os demais partidos e total transparência nas decisões da FUDENE, a cúpula do partido distribuiu um folheto intitulado Conversa de Bastidor, que dizia:

Pra mandar tudim pra PQP
Não pudemo se quer, se PDT
Que é mode o PSB
Amuntado no PV
Não vir se aliançar.

PC-dê-Bando a hipótss
Dum PT, sem muito T
Nem que a legenda se mele
Ou de PF ou de L
Feito PMDB

Antes que o pau recomece
Vai assim asuceder:

PMN não manda
Já desanda o PTB
PSDB tira o S
Logo depois tira o B
No mei desse sururú
Nós pega o F e o U
E acunha tudo no D.

Nessa pisadinha de matutagem, Luzia Manca foi crescendo na disputa eleitoral com o mesmo sucesso de Biu das Quenga. No comitê, as putas devidamente organizadas formaram um cartel, super-faturaram os preços e foram conseguindo fundos de campanha. Toda estrutura de rua se limitava a três cornetas e um tarol, fazendo distribuição de folhetos desaforados atacando o coronel, que juntava gente como pó em serraria. Depois de receber um recado do
Coronel avisando que se preparasse para uma "VISITINHA," Biu das Quenga contra-atacou em verso, que logo em seguida foi distribuído em forma de panfletos. Tinha o nome de Desaforismos Matuatais e dizia:

...O Coronezim Rosado?
Me fazer uma visitinha?
Pois diga a ele que venha!
Mas que venha apetrechado
Armado e municiado
Muntado na vovózinha!

Aquilo é veado môcho
Sabuguento duma figa
Fí de pai véi espantado
Bisneto de rapariga
Fí de feme de reboque
Boiôso que nem me toque
Fabricador de intriga.

Cara de pinha amassada
Cafifento e encostão
Maracujá de gaveta
Cadáve sem oração
Esprito papagaioso
Xexêro, testiculoso
Miséra, frouxo do cão.

Aquilo não tem registro
Muito menos escritura
Não tem fí que dê o nome
Tem metro e mei de altura
Aquilo é chei de mistério
É rato de cemitério
Roubador de sepultura.

Aquilo é bicho bargado
É coice de rifle ruim
Sujeito precipitante
Comedozim de capim
Mosca de fumo seboso
Ordinário e pegajoso
Danisco de pituim.

Pai de chiqueiro entufado
Gerente de traficança
Não vale o peido da gata
Essa vibra sem sustança
Insosso, despimbolado
Tirador de confiança.

Aquilo é veáco duro
Chupado da carochinha
Hotel de pulga e piolho
Que rouba fel de galinha
Não vale um grão de aval
E nem cocada de sal
Nem um guti de farinha.

Um bom trompaço eu dispêio
Na pessoinha do cujo
Com mantença de moral
Piso na raia e não fujo
Encaro o caceteado:
Bofetante e bofetado
Vira-latando o rabujo.

Depois dos Desaforismos, Luzia Manca subiu para 78% nas pesquisas à um palmo da eleição. O Coronel no desespero tratou de partir para a violência física como única forma de deter o avanço de Luzia e demonstrar autoridade. Na maior batalha de bufete já vista em Brasilzim de Dentro e Vila Teimosa, os FUDENISTAS saíram vitoriosos. Numa coletiva a imprensa, Biu das Quenga contou como se deu a batalha:

- O Coroné Rosado, já viu que seu partido tá mais dividido do que terra de herdeiro, minha gente! Veio com provocação pro meu lado, com os capanga dele mais armado do que navio de guerra! Eu que tava com Mané
Perigo, Soldado Chico Veneno e Sargento Melhoral FUDENISTAS de torar, partimo pro ataque e foi briga de ser medida a metro: Eu dei um tabefe no porta orelha de Mané Capado que ele borboletou uns dois palmo e caiu no chão feito uma jaca mole! Chico Veneno fez judiária com uns dez capanga que saíram regando a terra com mijo! Um capanga lá dele omilhou Mané Perigo com uma dedada... Meu cumpade! Esse home ofendido na região glútea, virou uma fera, e entre a rapidez da dedada e a imediatidade do ÊPA!... deu um berro nas oiça do sujeito que escorregou na frouxura e caiu sentado. Mané Perigo aprumou-lhe um tabefe aparentado a um coice de mula, que o matuto não sabe como não morreu com um Pei-Bufismo tão da gota serena! Mané Perigo partiu pra cima dele com um gênio de 150 siri dentro duma lata de querosene, deu-lhe um sopapo no serrote dos dentes que choveu canino, molar e incisivo por três dias no síto Boca Funda! O Sargento Melhoral que tava meio desmotivado de briga, deu um cascudo na marmita dos pensamento de Luiz Cocada, que o pobre ficou com um sangror pelos esgoto da venta, que se não fosse a lona dum GMC que tinha lá, ele tinha caído numa morrença, pra nunca mais. No meio desse diálogo todo, eu ví foi o Coroné sair num derrapo de velocidade que espantou até os Emerson e demais Fittipaldes.

* * * * * * * * *

Na passeata rumo ao último comício, de aproximadamente vinte e duas mil pessoas - vinte e uma mil novecentos e noventa e oito bestas, acompanhando Biu das Nega e Luzia Manca - toda rua era estreita pro cuscuz de gente. No palanque armado no cruzamento da rua do Arrombado com o Estreito da Galheira, os clarins anunciavam a chegada de Biu das Quenga que vinha a cavalo nos braços do povo e Luzia Manca que vinha andando no meio do xerém. De vendedor de amendoim à contrabandista de computador, de tudo se via nas proximidades do palanque, além é claro dum carrossel de segunda e canoinha pra meninada. Num discurso puxado com sustança, e como disse Biu das Quenga: Mais bonito do que pé de macaíba na safra, Luzia Manca fez o seguinte pronunciamento em versos, apresentando sua equipe de trabalho, e denunciando as mazelas da cidade:

Meus amigos fudedore
Gigolôs e cachaceiros
Ilustres raparigueiros
E todos da região!

Se a FUDENE não fudesse
Não fosse mulher bolida
Se não quengasse na vida
Não tava na eleição.
Disputou com puta a puta
Mas trouxe no fim da briga
Um coral de rapariga
Pra cima do caminhão.

Trouxe Zefa Pragatão
Trouxe Priquito de Frande
Teinha do Obreiro Baixo
E com licença da palavra
Trouxe Roquete Cuzão.

Roquete é feito feijão
Quando esquenta dá o bicho
Mas andará no capricho
No rumo da eleição.

Reparem bem o estado
Dessa nossa região:
Do Estreito da Galheira
Do beco do Pinguelão
Lá do Buraco da Velha
Do Pau Torto e Suvacão.

Da Rua do Arrombado
Lá da Taiáda da Jega
Esquina do Lasca e Trinca
Suvaco de cururú
Atolado da Frieira
Rua da Beira Seca
E do Beco do Tejú.

Não queiram ver o estado
Do apertado da hora
Da Pinguela do Tauá
Do Beco do Quebra Pote
Da Rua do Quixelau
Rua do Grude e da Merda
Escorrega lá vai um

E Beco do Eita Pau.
Estão levando na zona
A nossa Zona sofrida
Zonaram da nossa Zona
Nunca nos deram carona
No trem que sobe na vida.

Mas esta bacafuzada
Tá com seus dias contados
Quem ganha a vida fudendo
Levando e sendo enganado
De tanto saber gemer
Quer "tanto assim" pra fuder
Prefeitos e Deputados.

Vote em nossa bandeira
De norte sul leste oeste
Vamos votar na FUDENE
A redenção verdadeira
Que são essas fudedeiras
Desenvolvendo o Nordeste.

Finalizo estas palavras
Clamando de braço aberto
Aos companheiros de luta
Que vamos votar nas puta
Pois nos filhos não deu certo.

Terminado o comício, o bolão de gente em passeata acompanhou o casal até a porta do comitê, que estranhamente tinha as portas encobertas por um painel enorme de fundo vermelho e letras brancas com a seguinte inscrição: EURICO ROSADO ESTÁ NA BOCA DO POVO. Sem entender direito como surgiu aquela palhaçada, Biu das Quenga foi se dirigindo para o painel quando foi atingido por uma bala na barriga. Ferido em tripa de segunda, com o corpo fora do prumo, viu o Coronel ensacando a pistola de volta na cintura em cima de um cavalo. Ainda teve força de puxar uma faca da meia e assim como um atirador de circo cravou-a no peito do coronel, que, com um vazamento de vida lavando-lhe o corpo, pensou: "Ainda vou ter fôlego para ver este infeliz morrer". O poeta baleado cambaleou, feito um morcego no chão, olhou para o painel pintado de vermelho e letras brancas e viu o que só um poeta pode ver: A última pá de terra no nome do Coronel: Passou a mão na barriga encharcada de sangue e com o pincel dos dedos pintou de "vermelho sangue" a perna de baixo de "E" de EURICO. Deu uma risada de acordar qualquer moco e entre AIS! e QUÁ-RÁ-QUÁ-QUAIS, caiu no chão para ser socorrido. Ao levantar a vista, o bolão de povo entendeu o motivo da gaitada do poeta: Em letras garrafais lia-se agora, "FURICO ROSADO ESTÁ NA BOCA DO POVO."

A Deputada Luzia Manca fez a maior passeata da vitória já vista nas redondezas. Neste mesmo dia, na capital, o Coronel Rosado, convalescendo da facada, morreu dum enfarto, ao saber que seu nome - já afuricado - foi usado no batismo de um partido gay no Paraguai. Biu das Quenga cachaceiro inveterado que tinha feito uma promessa de só beber na outra safra de caju - se escapasse do tiro - tomou umazinha só pra envinagrar a alma. Ao ver o estandarte da mangação com o nome de FURICO ROSADO desfilando rua abaixo, abriu uma garrafa e bebeu no gargalo, num risadeiro de afrouxar suspensão. Ria, ria, ria e... CANA. Viva! Viva! Viva! e.... CANA. Dança, dança dança e... CANA. Numa golada dessas ouviu um zunido contínuo, um claridão ofuscoso, uma infalência de indivíduo, dançou pra lá e dançou pra cá e... DANÇOU.

No aniversário de sua morte. Ao invés de tristeza, toda cidade ri de recordação. No Cabaré SOFRIDO SONHO DE LUZIA, passou a funcionar o MEMORIAL BIU DAS QUENGA onde numa lápide na base de seu busto lê-se a seguinte inscrição: " SEVERINO DO RAMO ( BIU DAS QUENGA). O homem pobre que derrotou, Senador, Deputado, Prefeito, e Coronel num país dominado pelo poder."

Certo dia um Presidente da Republica fazendo média com a pobreza em Brasilzim de Dentro, ao depositar uma coroa de flores na base do busto, lendo a inscrição da lápide falou de si pra si : "PÔ! ESSE NEGO ERA FODA!".

A estátua foi ficando roxa da cor dum nambu, teve uma engrossadura de língua, um intestinamento de barriga e falou: "NEGO FODA É A PUTA QUE O PARIU, PRESIDENTIZINHO BOSTA!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!"

16 outubro 2006

Scorpions - Still Loving You

Scorpions - Rhythm Of Love

Scorpions - No One Like You

Accidently In Love

Queen - Love Of My Life

07 outubro 2006

Curiosidades:

REAL, REAIS...
Cláudio Moreno
Uma leitora japonesa, casada com um brasileiro, escreve de Quioto para elogiar esta coluna. Como o casal pretende mudar-se para o Brasil, ela vem estudando regularmente o nosso idioma, mas tem encontrado algumas dúvidas que os livros de que dispõe não conseguem solucionar. "Não consigo entender, professor, por que parabéns não tem singular e por que real, a moeda brasileira, não tem plural". Como vou mostrar a seguir, minha cara leitora, não é bem isso o que acontece por aqui.
Em primeiro lugar, não podemos afirmar que parabéns não tem singular. É certo que existem, em nosso idioma, muitos vocábulos que praticamente só usamos no plural, conhecidos como pluralia tantum - expressão tradicional da gramática latina que significa "apenas plurais". E não são tão poucos assim; entre os mais conhecidos, lembro-te afazeres, anais, arredores, bodas, condolências, confins, esponsais, fezes, exéquias, núpcias, parabéns, pêsames, primícias, víveres. Como a marca do plural é sempre acrescentada a uma forma anterior, não-marcada, não há dúvida de que todos eles têm (ou tiveram) uma forma singular, que, por razões semânticas, simplesmente deixou de ser empregada. Em textos mais antigos, vais encontrar, aqui e ali, alguma ocorrência de pêsame, fez, boda, etc., prática logo abandonada. Nosso estimado Padre Vieira, em seus Sermões, escritos no século 17, usa parabém por toda parte, inclusive fazendo um jogo de palavras tão ao seu gosto: "Alcançaram o que pediram, aceitaram muito contentes o parabém do despacho, mas o despacho não era para bem". Certamente haveríamos de achar outros exemplos em escritores da mesma época, mas isso não deve obscurecer o fato, hoje incontestável, de que esses vocábulos devem ficar mesmo é no plural. Para fins práticos, devem ser considerados como aquelas cadeias de montanhas que também sugerem a existência de um singular perdido na noite dos tempos: os Alpes, os Andes e os Pirineus.
Quanto ao nosso real, admito que muita gente simplesmente não utiliza a forma do plural, sob a misteriosa justificativa de que é o nome próprio do nosso dinheiro (!); conseguem, sem enrubescer, dizer vinte real, assim como os camelôs cariocas falam de dez dólar. Estas pessoas devem ter memória curta, para esquecer que, em vernáculo, nossas moedas sempre tiveram singular e plural: sempre se falou e escreveu cruzeiros e cruzados; continuamos a nos endividar em dólares e em euros; as páginas da literatura estão repletas de tostões e vinténs, piastras e rupias, patacões e balastracas.
Quando a nossa atual moeda foi instituída, houve uma breve discussão sobre qual seria o seu plural; os mais afobadinhos encontraram "real - pl. réis" nos dicionários e vieram, triunfantes, corrigir os que começavam a dizer reais. Em pouco tempo, contudo, esclarecia-se o equívoco: réis era o plural de um real virtual ("moeda ideal", diz Morais), valor apenas de referência; o verdadeiro real, antiga e respeitável moeda portuguesa, fazia mesmo o plural reais (como, aliás, qualquer substantivo terminado em -AL). O velho dicionário de Morais (minha edição é de 1813) é bem rico em detalhes: explica-nos que havia os "reais brancos del-Rei D. Duarte; eram de cobre com estanho, 20 deles faziam uma libra e valiam 36 réis"; "os reais pretos, de cobre sem liga"; e "os reais de prata".
Portanto, prezada leitora, quem te disse que aqui não pluralizamos o nome da nossa moeda enganou-te direitinho, pois assim fazemos desde 1994. E já que vens morar no Brasil, brindo-te com uma útil observação: o antigo mil-réis hoje serve para designar, popularmente, qualquer unidade do inconstante dinheirinho brasileiro; eu já usei mil-réis (o nosso simpático merréis, avô da merreca) para falar do cruzeiro, do cruzado, do cruzado-novo, do cruzeiro-novo e agora do real. Se um dia - que os deuses não permitam! - surgir o real-novo, vou continuar a dizer "Custa dois mil-réis".
(Porto Alegre, 13 de novembro de 2004 - Jornal Zero Hora, Edição nº 14328)
[Prof Cláudio Moreno - E-Mail claudio.moreno@zerohora.com.br - www.sualingua.com.br ]

O VERDADEIRO SIGNIFICADO DA PALAVRA TREM
Interessante que o assunto mineirês veio a tona logo no dia que alguns transtornos foram causados pelo desconhecimento do mineirês por parte de alguns jornalistas que escreveram a seguinte manchete:
"Trens batem de frente em Minas".
Os mineiros obviamente não deram a devida importância, já que pra nós isto quer dizer apenas que duas coisas bateram. Poderiam ser dois carros, um carro e uma moto, uma carroça e um carro de boi; ou até mesmo um choque entre uma mala de viagem e a mesa de jantar...
Movido pela curiosidade, resolvi então consultar o Aurélio e vejam o que diz:
Trem: sm. 1. Objetos que formam a bagagem dum viajante. 2. Mobiliário duma casa. 3. Bras. Comboio ferroviário. 4. Bateria de cozinha. 5. Bras.Pop. Treco. 6. Diz de pessoa ou coisa ruim, imprestável.
(Bras. : é a abreviatura de Brasileirismo)
Vejam que o sentido de comboio ferroviário é apenas o 3º, e ainda é considerado um brasileirismo. Comentei o fato com um amigo especialista em etimologia que esclareceu a questão: o comboio ferroviário recebeu o nome de trem, justamente porque trazia, porque transportava, os trens das pessoas. Vale lembrar que nesta época o Brasil possuia uma malha ferroviária com relativa capilaridade e o transporte ferroviário era o mais importante, assim era natural que as pessoas fizessem esta associação.
Moral da estória: O mineiro é antes de tudo um erudito. Além de erudito,ainda é humilde e aceita que o pessoal dos outros estados tripudiem da forma como usa a palavra trem. Na verdade, acho que isto faz parte do espirito cristão do mineiro, ele escuta as gozações e pensa:
"Que trem, sô... mas que sejam perdoados, pois não sabem o que dizem".
[Quem conhecer o autor deste texto, avise-me por gentileza]

ORIGEM DA PALAVRA MANJEDOURA
Segundo o mestre Deonísio da Silva, manjedoura deve vir do italiano mangiatoia , cocho onde se põe comida para os animais. Pode ter derivado de manjar (comer), que tem formas semelhantes no francês manger e no italiano mangiare .
No latim, que deu origem ao português, ao francês e ao italiano, há o verbo manducare , que significa mastigar.
A manjedoura, por ter servido de berço ao Menino Jesus, tornou-se um símbolo cristão.
Manjedoura, portanto, é o lugar (douro) onde os animais comem (manjar).
É importante também observarmos o sufixo "-douro", que aparece em palavras como ancoradouro (lugar onde o navio ancora, põe a âncora para atracar), babadouro (tipo de protetor onde a criança baba) e bebedouro (onde se bebe água).
Com muita freqüência ouvimos "bebedor", em vez de bebedouro. Ora, bebedor é aquele que bebe, e não o lugar.
Por fim, é interessante lembrar que o sufixo "-douro" é variante de "-doiro". Isso significa que as formas ancoradoiro e bebedoiro também existem. E para o babadouro, o dicionário Aurélio também registra as formas babadoiro e babador. Existe ainda o sinônimo babeiro.

DE ONDE VEM O ARLEQUIM?
Affonso Romano de Sant'anna

Aí pelas ruas talvez exista ainda alguém fantasiado de Arlequim, como ocorria nos carnavais há algumas décadas. Mas é raro. Assim como o Pierrô e a Colombina, o Arlequim foi muito popular na virada do século. Aliás, não só esse trio, mas toda uma família de saltimbancos, que havia irrompido nos palcos do século XVI. Mas por uma série de fatores, a tematização desses tipos foi muito constante na virada do século XIX para o século XX.
Em 1892, Leon Cavallo cristalizou o conflito do triângulo amoroso em "Os palhaços". Em 1905, Picasso pinta "Família de saltimbancos" e outros quadros com esses personagens. Degas e Cézanne estão entre muitos que também pintaram seu "Arlequim". A própria literatura brasileira vem, em 1919, com "Carnaval", de Manuel Bandeira; em 1920, com "Máscaras", de Menotti del Picchia, e "Arlequinada", de Martins Fontes. Mário de Andrade, por sua vez, tematizou o carnaval sob várias formas e definia-se como uma criatura arlequinal.
Mas quem vê o Arlequim tão sestroso, folgazão e brejeiro (como se dizia), mal pode imaginar que num tempo remoto ele foi o avesso disto tudo. Exatamente. Originalmente, em vez de um sedutor, foi um violador. Em vez de amante, um estuprador. Em vez de um dançarino, um guerreiro bárbaro.
Por isto, o estudo de certas imagens e palavras mostra como o certo e o avesso vivem se intercambiando. Preocupado com essas ambivalências, Freud já havia anotado que a etimologia de "branco" e "preto" parecia ser a mesma, alertando para o fato de que o radical do francês "blanche" e do inglês "black" é o mesmo.
Arlequim, Hallequim. O nome é quase idêntico. Mas o significado diametralmente oposto.
Quem vê no palco ou no carnaval o saltitante e sedutor Arlequim nem percebe que ele é uma variante moderna de um tipo selvagem que comandava uma horda de homens-bestas. Hallequim é uma deformação onomástica de Harila-King - rei dos exércitos. Tinha na mão enorme maça ou tacape. Comandava um feralis-exércitus (exército de mortos). Pertencia à mesma estirpe de figuras primitivas, como o lendário rei Frotho, da mitologia dinamarquesa, que invadia aldeias, violentava mulheres e humilhava barbaramente os vencidos. Esses guerreiros exibiam a petulância (agressividade sexual), a lascívia (exigências sexuais) e se consideravam conubernales (companheiros da tenda do rei). Vestiam-se de peles selvagens, assemelhando-se aos ursos, e não cortavam os cabelos até que matassem alguém. Também não tinham propriedades pessoais e viviam se deslocando atrás de presas, como centauros seqüestradores de mulheres.
Mito? Realidade?
Esse exército não era só uma crença. Era muito bem representado por máscaras. Temos uma prova disto, uma descrição que data de 1100, vinda da Normandia, que cita como rei da tropa selvagem um certo Herlechinus, que viria do Harilaking anglo-normando, rei da família Herlechini, que não é senão o Arlequim. Nosso Arlequim da commedia dell'arte foi, na origem, o sublime rei de um exército de fantasmas. Pode-se reconhecer esta forma primitiva do Arlequim em muitas personagens que existem no carnaval, graças à fantasia que usam. A partir de 1470 esta fantasia é descrita como despedaçada, cheia de rasgões, com pequenos pedaços de tecidos coloridos.
Um estudo semiológico das metamorfoses do personagem, sua passagem da horda primitiva para o palco da comédia, poderia ser feita mais detalhadamente. Não só a transformação da roupa esfarrapada em estilizados losangos coloridos, mas a conversão do porrete original em espada fálica. Igualmente, a figura original do Hallequim está sempre num cenário onde há cavalos e se inscreve no mito dos centauros. Esses cavalos, carroças, carruagens encaminham o tema do seqüestro, presente nas diversas peças e gravuras que tratam do Arlequim moderno. O que era grotesco atinge não apenas o cômico, mas até o sublime, através da estilização, em peças como "O triunfo de Arlequim", "Arlequim Imperador da Lua" e "Arlequim Cavaleiro do Sol" (séc. XVIII). O bárbaro e primitivo Hallequim surgia nas vilas e aldeias em meio a formidável charivari. Sobretudo no solstício de inverno (entre o Natal e a Epifania). Ele está registrado num texto do séc. XIV ("Roman de Fauvel") que, em forma de poesia, narra o casamento de um cavalo e uma mulher.
E por aí teríamos muito ainda a discorrer. A moderna teoria da carnavalização, que amplia o que em 1927 foi lançado por Mikhail Bakhtin, tem notável contribuição a dar não só na problematização e recuperação desse personagem, mostrando como o imaginário civiliza as imagens arcaicas. Um estudo moderno do Arlequim não pode desvinculá-lo da figura daquilo que em antropologia se chama de "trickster"- aquele mágico e malandro das tribos, que é tão bem encarnado no "Macunaíma" de Mário de Andrade.
E assim como a imagem do Arlequim se enriquece com a recuperação de seu metamorfoseado avesso histórico, também as figuras do Pierrô e da Colombina vão deixando de ser apenas fantasias episódicas e superficiais de uma festa carnavalesca, para serem estruturas simbólicas de nosso inconsciente e de nossos dramas sociais.
Tomemos um exemplo, entre tantos, na literatura brasileira: "Dona Flor e seus dois maridos", de Jorge Amado, é um romance que pode ser lido nessa clave. Vadinho é o Arlequim: dançarino, boêmio, brigão, don Juan, sedutor, jogador, vivendo aleatoriamente o prazer presente. Morre dançando no carnaval, fantasiado de mulher. Já Teodoro é o Pierrô: é o lugar da ordem, do prazer com horário certo, um burocrata no sexo e nos negócios. Porém, Dona Flor, envolvida por esses dois amores contraditórios, resolve imaginariamente o conflito que a Colombina tradicionalmente nunca pôde resolver. Ela fica com os dois. Trabalha pela inclusão imaginária, vivenciando uma verdade intemporal, pois as criaturas humanas são elas e suas contradições.
As máscaras nos falam das ambiguidades e a teoria da carnavalização ajuda a resgatar enigmas de ontem e a aclarar comportamentos individuais e sociais hoje.
[Jornal O Globo - 5 de Março de 2003]

APORTUGUESAMENTO DE ALGUMAS PALAVRAS DO FUTEBOL
Vejam, a seguir, trechos transcritos de alguns jornais da época em que o futebol chegou ao Brasil:
1. "Jamais, nesta capital, affluiu igual concurrência em jogos de foot-ball, nem mesmo durante os matches do Sul-Americano."
2. "A partida assumiu a proporção de um vultoso acontecimento que ultrapassou os limites do mundo sportivo..."
3. "...e tal resolução do digno delegado recebeu louvores de todos quantos se apinhavam no stadium."
4. "Venceu o valloroso eleven que, innegavelmente, melhor actuação produziu."
5. "O team do Flamengo mereceu sahir victorioso."
O futebol nasceu na Inglaterra. Veio para o Brasil carregadinho de termos ingleses. Com o tempo, foram traduzidos ou aportuguesados. "Foot-ball", "sport", "stadium" e "team" foram aportuguesados: futebol, esporte, estádio e time. "Match", "eleven", "off side" e "corner" foram traduzidos: jogo ou partida, onze, impedimento e escanteio.
Se isso aconteceu no futebol, por que não podemos fazer o mesmo em outras situações? O projeto do deputado Aldo Rebelo é bem-vindo. A Língua Portuguesa merece a nossa luta em sua defesa.
Prof. Sérgio Nogueira

ORIGEM DO TERMO "FORRÓ"
O forró, baile animado em que se dança ao som de ritmos nordestinos, é a redução do vocábulo "forrobodó", que Câmara Cascudo define no seu Dicionário do Folclore Brasileiro como uma festa popular, com música movimentada. O processo é o mesmo que produziu formas como "japa" (japonês), "refri" (refrigerante) ou "pornô" (pornográfico). Contudo, há uma versão popular de que o nome teria vindo da leitura estropiada da expressão inglesa " for all ", com que os engenheiros ferroviários ingleses da Great Western (ou os oficiais da base aérea americana de Natal, noutra versão) avisavam os operários de que a festa era aberta para todos. Lingüisticamente, a hipótese é tola; além disso, o forrobodó já existia no Brasil Colonial, muito antes da presença de ingleses ou americanos por aqui. (C.M.)
RISCO DE MORTE / RISCO DE VIDA
Se o risco é sempre de coisa ruim ("risco de infecção", "risco de contaminação", "risco de não se classificar para a fase final do campeonato", "risco de ficar desempregado", "risco de adoecer" etc.), parece cabível que se dêem como legítimas as construções "risco de morte" e "risco de morrer" ("Fulano ainda corre risco de morte"; "Fulano corre risco de morrer").
No entanto, há pelo menos duas explicações para o emprego de "risco de vida" no lugar de "risco de morte". A primeira delas se baseia no inegável horror que a palavra "morte" causa, o que talvez nos faça fugir dela como o diabo foge da cruz. A segunda explicação (talvez mais plausível) se assenta na idéia do cruzamento de construções ("Sua vida corre risco" com "Ele corre risco de vida", por exemplo) ou ainda na pura e simples omissão ("Correr o risco de [perder a] vida"). O nome técnico dessa omissão (de termo que se subentende) é "elipse".
O fato é que, nesses casos, não parece sensato remar contra a maré. O uso mais do que difundido da expressão "risco de vida" é motivo mais do que suficiente para que a aceitemos pacificamente. É bom que se diga que não lhe faltam registros nos dicionários. O "Dicionário Houaiss" dá três exemplos do emprego de "risco" com o sentido de "probabilidade de perigo" ("risco de vida", "risco de infecção", "risco de contaminação"). Publicado em 2001, o "Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea", da Academia das Ciências de Lisboa, dá "risco de vida" e "perigo iminente de morte" como expressões equivalentes, exemplificadas com esta frase: "O doente encontra-se em risco de vida".
A ESCATOLÓGICA ORIGEM DA PALAVRA "VAGA-LUME"
O lucente bichinho é um eufemismo vivo, porque "Lume" significa "fogo", "brilho", "luz"; e o "v" de "vaga-lume", na verdade, é um "c" que foi trocado por "v" para atenuar, para evitar o desconforto que a forma original causa ou causaria.
O Dicionário Aurélio, por exemplo, manda ver "pirilampo", cujos sinônimos não são nada simpáticos. O "Houaiss" é mais direto: dá logo a lista no próprio verbete "vaga-lume" (que, segundo a obra, também se pode grafar "vagalume", sem hífen, tese que não é confirmada no "Aurélio", nem no Dicionário da Academia de Lisboa).
"AGORA EU ERA HERÓI"
É correto o emprego de "agora" em "Agora eu era herói", frase que inicia a linda música "João e Maria", composta por Sivuca, com letra de Chico Buarque?
"agora" pode equivaler a "neste momento", mas também pode equivaler a "nesse momento" ou "naquele momento", como atestam os dicionários. O de Antônio Houaiss dá este exemplo: "Esgotara suas energias, agora só queria descansar". O "Aurélio" dá este, de Machado de Assis: "Agora exercia a medicina como amador".
Sendo assim, a frase da memorável letra de Chico Buarque é perfeitamente vernácula.
GARÇOM/GARÇÃO/GARÇONETE/GARÇOA
A palavra "garçom" (que possui a variante "garção") vem do francês "garçon" ("jovem", "rapaz") e já foi usada em português com o sentido original, como se vê neste fragmento de Machado de Assis, citado no "Aurélio": "Era um lindo garção, lindo e audaz".
Na língua de hoje, predomina a forma "garçom", com o sentido de "empregado que serve em restaurantes". O "Vocabulário Ortográfico", da Academia, registra "garçoa". O único dicionário que registra "garçoa" é o de Caldas Aulete, que lhe dá o sentido de "moça", "rapariga". Os demais dão apenas "garçonete", e só como "empregada que serve em restaurantes".
UM DIA FORMIDÁVEL JÁ FOI UM DIA PAVOROSO
É interessante lembrar o caso da palavra "formidável". A sua raiz latina significa "medo, terror, pavor". Assim sendo, "um dia formidável" seria um dia "terrível, pavoroso". Hoje, sem dúvida, "um dia formidável" é um dia "maravilhoso". Temos aqui um exemplo de palavra que perdeu o seu sentido original e hoje apresenta um significado quase oposto.
PESA-ME/PÊSAMES
A palavra "pêsames", plural de "pêsame", vem da forma verbal "pesa", associada ao pronome "me" ("pesa-me"). No caso, o verbo "pesar" tem o sentido de "causar desgosto": "Pesa-me muito vê-lo sofrer". De "pesa-me" surgiu "pêsame", hoje mais comum no plural ("pêsames").
CUIDADO COM A EPIDEMIA!
Não é correto dizer: "O gado da fazenda pegou a epidemia de aftosa", pois a palavra epidemia tem o radical grego demo, que significa povo.
Aftosa é doença própria de animais quadrúpedes, logo só podemos usar epidemia para doenças que dão em gente.
O "BOCA DO INFERNO"
Gregório de Matos foi o primeiro grande poeta brasileiro. Nasceu em 1633, em Salvador, na Bahia. Seus poemas denunciam a ganância e a busca do prazer pelos poderosos. Por isso, ganhou o apelido de "Boca do Inferno".
URBANIDADE E HIPERURBANISMO
Estava escrito numa biblioteca pública: "É dever do funcionário público tratar com urbanidade o público e os colegas de serviço."
Dizer que "deve-se tratar alguém com urbanidade" estaria correto?
De fato, é de estranhar o emprego de "urbanidade" como equivalente a "gentileza, amabilidade", etc. Mas o problema é que a língua tem relação direta com a História, com os fatos que marcam a vida de uma comunidade ou do homem em si. A palavra "urbanidade" é da mesma família de "urbano, urbanismo, urbanizar, urbanização, urbe". Tudo isso parte de uma raiz latina ("urbe"), cujo sentido básico é "cidade".
Em seu dicionário, Caldas Aulete explica: Urbanidade - "Cortesia entre pessoas civilizadas; civilidade adquirida pelo trato no mundo." Aí está a chave para a compreensão do fato: é nas cidades que o homem encontra o homem; é nelas que se organiza a vida em sociedade, em grupo. É nelas que se estabelecem as regras de convívio, de respeito aos direitos alheios.
Não é à toa que se dá a todo o conjunto de direitos e deveres de um ser humano o nome de "cidadania". Qualquer semelhança com a palavra "cidade" não é mera coincidência.
Nos estudos lingüísticos, há um caso interessantíssimo: a "ultracorreção" ou "hiperurbanismo". O que é isso? Nada mais do que o excesso de preocupação com a correção lingüística, que - ironicamente - acaba resultando em erros. É o caso do cidadão que faz questão de acertar todas as concordâncias e acaba pondo no plural até o que não deve sair do singular, como em "Houveram vários problemas durante a festa". Não "houveram" problemas; "houve". Não se faz a flexão de plural do verbo haver nesses casos.
Tentando mostrar qualidades de ser "civilizado, culto", o cidadão erra por excesso. Isso se chama "hiperurbanismo" justamente porque a pessoa exagera nos dotes "urbanos" - cultura formal, no caso.
DESTRO/DESTREZA/ESQUERDO/SINISTRO
O que é ter destreza, mostrar destreza? É ter habilidade, agilidade, aptidão. Mas o primeiro sentido que aparece nos dicionários para "destreza" é "qualidade de destro". E o que é "destro" (que se lê "dêstro", com o "e" fechado, segundo os dicionários)? É "direito", ou "que fica do lado direito".
Como a maioria das pessoas tem mais agilidade com a mão direita (destra) do que com a esquerda, a habilidade acabou sendo chamada de "destreza".
E quem tem habilidade com as duas mãos é "ambidestro"; quem não tem com nenhuma é "ambiesquerdo".
Voltando aos destros, veja agora um dos tantos caprichos da língua portuguesa: "destro" se escreve com "s", mas em muitas palavras compostas em que entra esse elemento aparece o "x" da raiz latina ("dextru, dexter"): dextrocardia, dextrocerebral, dextrofobia, dextropedal, etc.
Ainda com relação ao sentido que as palavras adquirem, é interessante notar o que ocorre com "esquerdo". A palavra vem do vasconço, ou seja, da língua do País Basco. Em latim, "esquerdo" é "sinistru, sinister". E o que é "sinistro", em português? Além de "esquerdo" ("Mal podia a mão sinistra vibrar a sangrenta espada", escreveu Gonçalves Dias), "sinistro" tem vários sentidos ligados à idéia de temor, ameaça, mau agouro, maldade etc. Em linguagem securitária (do ramo de seguros), o sinistro nada mais é do que o próprio acidente. Tudo porque o "bom", o "normal" é o destro; o esquerdo (o sinistro) é "anormal".
CURIOSIDADES ORIENTAIS EM NOSSO IDIOMA
-Decassegui: é o nome dado aos brasileiros que vão trabalhar no Japão.
-Issei: japonês que emigra para a América.
-Nissei: Filho de pais japoneses, nascido na América.
-Sansei: Filho de nissei, nascido e criado na América.
-Bonsai é planta em bandeja. Árvores e arbustos plantados em pequenas bandejas que os mantêm, com podas constantes, num tamanho mínimo. Uma prática milenar na China e no Japão, sendo que neste país há o bonsai mais antigo do mundo, com cerca de 1500 anos. A curiosidade maior é que os frutos dessas árvores minúsculas são de tamanho normal.
Essas palavras já constam dos principais dicionários e do Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, da ABL.
ALGUMAS FRASES INCORRETAS DO NOSSO DIA-A-DIA
Segundo a lei, "estupro" é só de mulheres. Algo parecido ocorre com a palavra "rapto". Com alguma freqüência, temos o desprazer de ler em nossos jornais que "uma criança foi raptada". Novamente, encontramos o mau uso de uma palavra: um menino não pode ser raptado, pois rapto é sempre de mulheres e com fins libidinosos. Na verdade, as crianças são seqüestradas. Como não há pedido de resgate, preferem dizer que elas foram "raptadas". Há quem pense que, se não houver pedido de resgate, não há seqüestro. Outro engano. Quando o seqüestrador entra em contato com a família e exige alguma coisa em troca para libertar o seqüestrado, temos um outro crime: a extorsão. Assim sendo, o que os jornais chamam de "seqüestro" na maioria das vezes trata-se de um seqüestro seguido de extorsão ou extorsão mediante seqüestro. Seqüestrar é "tirar a liberdade de alguém ou alguma coisa". É por isso que um bem pode ser seqüestrado, ou seja, torna-se indisponível (seu dono não pode vendê-lo, por exemplo).
É interessante lembrar o velho caso do "roubo" e do "furto". Só há roubo se houver algum tipo de "violência". É comum as pessoas definirem os cleptomaníacos como "aqueles que têm a mania de roubar". Está errado. O cleptomaníaco tem a mania de furtar. Em geral, ele não agride ninguém. O seu prazer é "pegar escondido".
É também comum lermos ou ouvirmos no meio jornalístico: "Fulano entrou com uma liminar." Ora, ninguém entra com liminar. Liminar é algo que se pede, e o juiz concede ou não. É a mesma história do "entrar com efeito suspensivo". Isso é muito comum no meio esportivo. "Efeito" é conseqüência. Ninguém "entra" com efeito suspensivo. Mais uma vez é algo que se pede. O certo, portanto, é dizer que "se pediu efeito suspensivo". Agora, se você quer ver um juiz ficar "louco da vida", é só dizer que ele "deu um parecer". Quem dá parecer é consultor, perito, advogado... Juiz decide.
E em relação ao termo "denúncia", para quem não sabe, a verdadeira denúncia só pode ser feita pelo Ministério Público. Apenas o promotor pode apresentar uma denúncia. Rigorosamente, você não pode denunciar o seu vizinho porque ele bate na mulher. O cidadão comum acusa. Na verdade, nós estamos falando de uma denúncia formal, pois na linguagem popular o uso do verbo denunciar já está consagrado. Depois do "disque-denúncia", então, não tem mais jeito.
A ARTE DE ADVINHAR O PASSADO: À LUZ DA ETIMOLOGIA - I
Gabriel Perissé
O passado é aquilo que não passa. É aquilo que permanece registrado pelas palavras e, sobretudo, no corpo das palavras.
A etimologia, ciência auxiliar da filosofia e da reflexão literária, mostra-nos a consistência de cada palavra e nos ajuda, como diria Clarice Lispector, a espanar a poeira que se acumula sobre a linguagem, e a desvirtua.
O uso banalizador da linguagem torna-a opaca, anêmica, vazia, insossa, inútil convenção a que obedecemos sem refletir. Mas quando a estudamos etimologicamente, vislumbramos coincidências e explicações. As palavras se rejuvenescem e brilham diante de nós.
Lendo a sua história, descobrimos se o que as palavras dizem é de fato o que desejamos dizer, e aprendemos como é necessário limpar nossos olhos para vê-las de novo, percorrer o caminho que nos leva às suas origens, adivinhar (adivinhar é dom divino...) como tudo começou.
Muitas das nossas desorientações se devem ao fato de não procurarmos o oriente, lugar onde nasce o sol da verdade, o étimo da palavra. Seríamos mais originais se nos guiássemos pelo sentido primeiro das expressões cotidianas. Lemos o jornal, ouvimos notícias, mas as palavras lidas e ouvidas permanecem neutralizadas pela rotina ou por nossa cegueira. Daí a importância do colírio etimológico!
A etimologia revê a palavra em sua radicalidade, denunciando falsas interpretações, desempoeirando séculos de mal-entendidos.
"Candidato", por exemplo, é uma palavra que, desgastada pelo uso, traz em si uma verdade que vale a pena recuperar. Vem do latim candidatus, isto é, vestido de branco (candidus). Na antigüidade, aquele que disputava um cargo público e precisava angariar votos vestia-se de branco para simbolizar sua pureza. É lógico, portanto, que exijamos de um candidato ou candidata que a sua vida, e não apenas as suas roupas, estejam limpas!
Outra palavra do âmbito político: demagogo. Dêmós, em grego, é povo. Demografia é o estudo estatístico das populações. Já a partícula agogós significa "aquele que conduz". A função do pedagogo, por exemplo, era levar o aluno à escola. Chamava-se demagogo, portanto, quem conduzia o povo. Demagogo era o líder popular em quem se depositavam as esperanças de uma nação. Com o tempo (e com os abusos), a palavra adquiriu conotação negativa, mas o certo mesmo seria votarmos em nossos mais competentes demagogos!
A etimologia é luz no túnel do tempo.
[Gabriel Perissé é autor dos livros "Ler, pensar e escrever" (Ed. Arte e Ciência), "O leitor criativo" (Omega Editora) e do recém-lançado "Palavra e origens" (Editora Mandruvá).]
Publicado no jornal Correio da Cidadania.
PALAVRA PUXA PALAVRA: À LUZ DA ETIMOLOGIA - II
Gabriel Perissé
"Toda língua são rastros de velho mistério", disse Guimarães Rosa.
A etimologia não chega a ser uma ciência, pelo menos no sentido rigorista do termo. Constitui uma disciplina, um método com o qual recuperamos o vigor de palavras que pronunciamos diariamente.
Perseguir as pistas que o passado deixou nas palavras é uma das melhores formas de reencontrar nossas heranças e fazer um exercício de reflexão sobre quem somos, homo sapiens e homo loquens , seres que concretizam na linguagem o seu saber.
Saber lembra sabor, dois conceitos etimologicamente vinculados. O ser humano que saboreia a realidade é mais sábio, é mais humano.
E ser humano é ser aquele que sabe ter nascido do húmus, da terra (a propósito, em sua tradução do Gênesis Terroso , um neologismo perfeito para a noção que reside na palavra hebraica).
Nesse palavra-puxa-palavra, o ser humano descobre que é mais humano quando pratica a humildade, virtude que nada tem de rebaixamento, mas é a qualidade de quem emerge do húmus, do barro, e mantém os pés no chão.
Sem dúvida, a etimologia pode dar pé a explicações absurdas, a "chutes" (para fora) do ponto de vista filológico.
Como no caso da palavra cadáver , que seria composta, na imaginação dos etimologistas medievais, pela primeira sílaba de cada uma das três palavras da frase latina carnem data vermibus (carne entregue aos vermes).
A etimologia pode dar margem também a especulações jocosas, como a que Tim Maia fez sobre a palavra robótica , associando-a ao verbo "robar" - eu robo, tu robas, todos robam... ou a constatações que só se tornam incontestáveis depois de apontadas, como a de Carlos Drummond de Andrade: "o imposto se chama imposto porque é imposto."
As palavras ganham novos coloridos com o tempo e pela etimologia podemos aquilatar as "camadas de tinta" que estão por baixo.
Um curioso exemplo é o da palavra museu . O museu remete às musas, entidades encarregadas de preservar as artes e de lembrar aos seres humanos que podem subir ao Olimpo, aos céus, e partilhar com os deuses a beleza e a imortalidade.
Entre as musas estão a poesia, a história, e, sobretudo, está a música (óbvio, não?), que Gilberto Gil cantou: "Minha música, musa única...".
A etimologia faz-nos ouvir a música que adormeceu nas palavras.
[Gabriel Perissé é autor dos livros "Ler, pensar e escrever" (Ed. Arte e Ciência), "O leitor criativo" (Omega Editora) e do recém-lançado "Palavra e origens" (Editora Mandruvá).]
Publicado no jornal Correio da Cidadania.

"ÚLTIMA FLOR DO LÁCIO, INCULTA E BELA"

A expressão "Última flor do Lácio, inculta e bela" é o primeiro verso de um famoso poema de Olavo Bilac, poeta brasileiro que viveu no período de 1865 a 1918. Esse verso é usado para designar o nosso idioma: a última flor é a língua portuguesa, considerada a última das filhas do latim. O termo inculta fica por conta de todos aqueles que a maltratam (falando e escrevendo errado), mas que continua a ser bela.
LÍNGUA PORTUGUESA
Olavo Bilac

Última flor do Lácio, inculta e bela,
És, a um tempo, esplendor e sepultura:
Ouro nativo, que na ganga impura
A bruta mina entre os cascalhos vela...

Amote assim, desconhecida e obscura,

Tuba de alto clangor, lira singela,
Que tens o trom e o silvo da procela
E o arrolo da saudade e da ternura!

Amo o teu viço agreste e o teu aroma
De virgens selvas e de oceano largo!
Amo-te, ó rude e doloroso idioma,
Em que da voz materna ouvi: "meu filho!"

E em que Camões chorou, no exílio amargo,
O gênio sem ventura e o amor sem brilho!

OUTROS textos e POEMAS SOBRE A LÍNGUA PORTUGUESA
Gosto de dizer. Direi melhor: gosto de palavrar. As palavras são para mim corpos tocáveis, sereias visíveis, sensualidades incorporadas. Talvez porque a sensualidade real não tem para mim interesse de nenhuma espécie - nem sequer mental ou de sonho -, transmudou-se-me o desejo para aquilo que em mim cria ritmos verbais, ou os escuta de outros. Estremeço se dizem bem. Tal página de Fialho, tal página de Chateaubriand, fazem formigar toda a minha vida em todas as veias, fazem-me raivar tremulamente quieto de um prazer inatingível que estou tendo. Tal página, até, de Vieira, na sua fria perfeição de engenharia sintáctica, me faz tremer como um ramo ao vento, num delírio passivo de coisa movida.
Como todos os grandes apaixonados, gosto da delícia da perda de mim, em que o gozo da entrega se sofre inteiramente. E, assim, muitas vezes, escrevo sem querer pensar, num devaneio externo, deixando que as palavras me façam festas, criança menina ao colo delas. São frases sem sentido, decorrendo mórbidas, numa fluidez de água sentida, esquecer-se de ribeiro em que as ondas se misturam e indefinem, tornando-se sempre outras, sucedendo a si mesmas. Assim as ideias, as imagens, trémulas de expressão, passam por mim em cortejos sonoros de sedas esbatidas, onde um luar de ideia bruxuleia, malhado e confuso.
Não choro por nada que a vida traga ou leve. Há porém páginas de prosa que me têm feito chorar. Lembro-me, como do que estou vendo, da noite em que, ainda criança, li pela primeira vez numa selecta o passo célebre de Vieira sobre o rei Salomão. "Fabricou Salomão um palácio..." E fui lendo, até ao fim, trémulo, confuso: depois rompi em lágrimas, felizes, como nenhuma felicidade real me fará chorar, como nenhuma tristeza da vida me fará imitar. Aquele movimento hierático da nossa clara língua majestosa, aquele exprimir das ideias nas palavras inevitáveis, correr de água porque há declive, aquele assombro vocálico em que os sons são cores ideais - tudo isso me toldou de instinto como uma grande emoção política. E, disse, chorei: hoje, relembrando, ainda choro. Não é - não - a saudade da infância de que não tenho saudades: é a saudade da emoção daquele momento, a mágoa de não poder já ler pela primeira vez aquela grande certeza sinfónica.
Não tenho sentimento nenhum político ou social. Tenho, porém, num sentido, um alto sentimento patriótico. Minha pátria é a língua portuguesa . Nada me pesaria que invadissem ou tomassem Portugal, desde que não me incomodassem pessoalmente. Mas odeio, com ódio verdadeiro, com o único ódio que sinto, não quem escreve mal português, não quem não sabe sintaxe, não quem escreve em ortografia simplificada, mas a página mal escrita, como pessoa própria, a sintaxe errada, como gente em que se bata, a ortografia sem ípsilon, como o escarro directo que me enoja independentemente de quem o cuspisse.
Sim, porque a ortografia também é gente. A palavra é completa vista e ouvida. E a gala da transliteração greco-romana veste-ma do seu vero manto régio, pelo qual é senhora e rainha.
["Livro do Desassossego", por Bernardo Soares. Vol. I, Fernando Pessoa.]
SONETO À LÍNGUA PORTUGUESA
(Publicado no Livro Gota de Orvalho, de Waldin de Lima, poeta gaúcho, no ano de 1989)

Havia luz pela amplidão suspensa
no azul do céu, vergéis e coqueirais...
e o Lácio, com fulgores divinais,
abrigava de uma virgem a presença...

Era um castelo de ouro, amor e crença,
que igual não houve, nem haverá jamais...
Onde os poetas encontraram ideais
na poesia nova, n'alegria imensa...

A virgem era a Língua portuguesa,
a mais formosa e divinal princesa,
vivendo nos vergéis de suave aroma!

Donzela meiga que, deixando o Lácio,
abandona os umbrais do seu palácio,
para ser de um povo o glorioso idioma!...

Fatos Absurdos:

Inglês quer se casar com o videogame
Enquanto muitos passam a vida a procura do verdadeiro amor, Dan Holmes, de 29 anos, busca por um padre que aceite celebrar a cerimônia de casamento entre ele e seu par: um videogame Playstation2. O inglês, morador da cidade de Oxfordshire, alega já ter gasto cerca de sete mil libras (aproximadamente R$23,5 mil) em cartuchos e consoles, e quer que o próximo passo de sua relação com o aparelho seja o matrimônio. Dan, que ainda não conseguiu formalizar seu amor religiosamente, já o fez de forma legal, mudando seu nome para Playstation 2. A Sony, fabricante do videogame, afirmou que o caso mostra uma "enorme lealdade" do jogador. Fonte: Popular

Fazendeiro da Califórnia encontrou anel perdido dentro de uma batata
Em 1934, Roderick Peal, fazendeiro da Califórnia, encontrou dentro de uma batata cozida, enquanto jantava, o anel de safira que sua mulher perdera alguns meses antes. Nenhum especialista conseguiu explicar como um anel perdido na terra fora incluído no interior de uma batata que brotara no local.

Intelectuais quiseram impedir construção da Torre Eiffel
Em janeiro de 1888, um manifesto de 380 intelectuais e artistas exigiu a demolição da horrenda monstruosidade que estava sendo construída em Paris. Era a Torre Eiffel, hoje o símbolo da cidade. Tem este nome porque foi idealizada e construída por Gustave Eiffel. » Torre Eiffel: o monumento mais visitado do mundo

Explosão de quatro mil toneladas de TNT a bordo de um navio arremessou âncora a 8 km de distância
Excluindo os testes nucleares, uma das maiores explosões já provocadas pelo homem no planeta ocorreu em 1917, no porto de Halifax, Canadá. Quatro mil toneladas de TNT explodiram a bordo do navio Mont Blanc. Sobrou apenas um pedaço da âncora, que caiu a cerca de 8 quilômetros de distância.

Visão de raios X, quem não gostaria de ter?
A descoberta dos raios X, em 1895, deu origem a um curioso incidente. Após fazer correr o boato sobre um dispositivo portátil que permitiria enxergar o corpo das mulheres através da roupas, os lojistas aproveitaram para promover a venda de tecidos "a prova de raios X".

Matemático russo foi considerado bruxo e condenado à fogueira devido à precisão de seus cálculos
O tzar Ivan IV da Rússia, que reinou de 1533 a 1584, mandou executar na fogueira um matemático a quem pedira, apenas para divertir a corte, que calculasse o número exato dos tijolos necessários para construir determinado prédio. Ao término da obra, verificada a precisão dos cálculos, Ivan IV sentenciou o matemático à morte como bruxo, porque era dotado de estranhos e perigosos poderes.

A ineficiência da burocracia
A burocracia é um mal universal. Em 1949, a Prefeitura de Paris, procurando salas disponíveis para instalar novos serviços, descobriu que ainda funcionava o Departamento de Indenizações dos Prejuízos causados pela Enchente de 1910. A seção era atendida por dois funcionários idosos, que revelaram ter pago a última indenização devida em 1913, ou seja, 36 anos antes.

Senhora abanando o leque fez célebre violinista espanhol interromper um concerto em Paris
Gênios da música têm as suas excentricidades. Pablo Sarasate, célebre violinista espanhol, certa vez interrompeu um concerto em Paris, irritado com uma senhora sentada na segunda fila do teatro. "Não posso continuar tocando no compasso de 3 por 4. Esta senhora me perturba, abanando-se com o leque no compasso de 2 por 3."

Contar em voz alta até um milhão levaria 12 dias
A inflação e o rotineiro noticiário sobre corrupção no Brasil, envolvendo milhões de reais, tiraram do brasileiro o entendimento do que seja um milhão. Se alguém contasse em voz alta, 24 horas por dia, sem parar - 1... 2... 3... até um milhão - de maneira a dizer um algarismo ou número por segundo, gastaria nada menos que 12 dias para terminar a enumeração.

Tzar russo instituiu imposto sobre barbas
Pedro, o Grande, o tzar que modernizou a Rússia no século 18, instituiu imposto sobre barbas, na tentativa de melhorar a higiene pessoal dos súditos. O tributo era anual e o contribuinte recebia um "cartão" como comprovante de quitação. Os fiscais raspavam a cara dos sonegadores.

Lei ainda regulamenta profissões antigas
Desejando reduzir as 12.666 leis municipais em vigor na cidade de São Paulo, os vereadores descobriram que ainda vigora uma legislação de 1927, regulamentando as profissões de motorneiro de bonde e de cocheiro de carruagens, ambas já extintas. Daqui a 70 anos, muitas profissões atuais terão o mesmo destino.

Cavalo foi condenado por crime de homicídio na França
Em 1639 o Tribunal de Dijon, na França, condenou um cavalo a morrer na fogueira por crime de homicídio. No julgamento, as testemunhas disseram que o cavalo, além de estar possuído pelo demônio, tinha premeditado o crime de jogar o cavaleiro no chão, para lhe quebrar o pescoço.

Barqueiro italiano construiu sozinho uma ponte utilizando destroços da II Guerra Mundial
Um dos mais extraordinários casos de iniciativa pessoal envolveu, em 1947, o barqueiro italiano Guido Bartoloni, que conduzia pessoas de uma margem a outra do rio Arno, entre as aldeias de Anchetta e Vallina, proximidades de Florença. Bartoloni construiu sozinho uma ponte metálica, utilizando apenas cabos e vigas encontradas entre destroços e sobras da II Guerra Mundial. Enriqueceu cobrando pedágio.

Dinheiro público foi usado na construção de pista de pouso para Ovnis em Nebraska, EUA
O governador de Nebraska, EUA, mandou construir uma pista de pouso para extraterrestres, esperando, em 1999, a visita de turistas da constelação de Alfa Centauro. O governador não consegue explicar como soube da notícia, muito menos as especificações técnicas das naves visitantes para construir pistas de pouso adequadas.

Carpinteiro causou histeria coletiva em Nova York ao afirmar que parte da ilha afundaria
Em 1824, um carpinteiro alarmou Nova York predizendo que a ilha de Manhattan ia afundar pelo excesso de construções na parte mais baixa. Houve histeria coletiva e foi organizada uma equipe para "serrar" a parte ameaçada, como ele propunha. Na data marcada para a operação, o carpinteiro sumiu. O mais inacreditável é que não ganhou um vintém com a história. Só queria mesmo era passar trote.

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